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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 02-02-2015 - 09:28 -   Notícia original Link para notícia
Marcas pedem reajuste de 10% a farmácias

Por Adriana Mattos | De São Paulo


Fabricantes de produtos de higiene pessoal e beleza procuraram grandes redes de drogarias para negociar novas tabelas com reajuste médio de 10%, apurou o Valor. As primeiras conversas começaram no fim de 2014 e parte do aumento solicitado já está sendo repassado aos preços. Unilever, Procter & Gamble, L'Oréal e Johnson & Johnson propuseram reajustes para, pelo menos, três grandes cadeias de farmácias do país - Raia Drogasil, Pague Menos e Brasil Pharma, segundo fontes ouvidas.


Balanços de 2014 de algumas multinacionais do setor mostram que parte dos ganhos em receita líquida em mercados emergentes têm sido obtidos, especialmente, por meio de aumentos de preços.


As negociações com o varejo ocorrem num momento em que a indústria foi afetada pelo anúncio de tributação do atacado de cosméticos. Fabricantes do segmento que possuem braços de distribuição terão que pagar Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de 15% a 42%, sobre o portfólio vendido do atacado para a loja.


A decisão do governo de taxar as empresas foi anunciada há 15 dias, depois que as fabricantes já haviam procurado as farmácias indicando os aumentos. Portanto, a taxa de reajuste final, que deve incluir o impacto do IPI, pode ser maior do que a informada, até o momento, às redes.


Para absorver o novo IPI, o setor já calculou que seria preciso elevar preços de tinturas, cremes e loções em 12,4%. Em itens para babear, o repasse seria de 12,5%, segundo pesquisa da LCA Consultores realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).


As empresas alegam aumento de custos de produção e pressão do dólar valorizado para justificar a necessidade de novas tabelas neste começo de ano. Apesar de terem unidades fabris no país e grande parte do volume vendido ser produzido aqui, há insumos cotados em moeda estrangeira.


Ainda existiria outro fator, relacionado à tentativa de aumentar preços para elevar receita e, com isso, reduzir o impacto da variação cambial nos resultados globais.


Procurada, a Unilever informa que não se manifesta sobre negociações comerciais. A P&G Brasil esclarece que reajustes de preços ocorrem de maneira rotineira e é uma prática comum do mercado para ajustar os custos de produção. "A companhia afirma que está comprometida em aumentar a produtividade, inovação e otimização dos investimentos" para se manter atrativa ao consumidor.


A L'Oréal Brasil confirma negociações para reajuste de preços "em algumas categorias de produtos revendidos em farmácias", e informa que o aumento passará a vigorar a partir de março. "Essa revisão de preços é uma consequência da inflação no país e da valorização do dólar, que teve impacto direto no custo de aquisição de matérias-primas importadas. Na média, o aumento de preço nos últimos anos tem sido inferior à inflação". Segundo a empresa, o reajuste não está ligado à cobrança do IPI sobre o atacado de cosméticos.


As varejistas Raia Drogasil e Pague Menos não comentaram o assunto. A Johnson & Johnson não se manifestou. A Brasil Pharma informa que "suas redes praticam preços competitivos de acordo com a realidade do mercado em todas as linhas produtos".


A demanda por certos itens de higiene pessoal é considerada inelástica, ou seja, ela pouco se move porque são produtos de primeira necessidade. Outros, do setor de cosmético, são interpretados como conquistas pela população, e podem demorar a sair da cesta, mesmo após reajustes. "Ainda há um forte apelos para produtos que tragam satisfação pessoal", disse, na semana passada, Fábio Gomes da Silva, diretor de atendimento da consultoria Nielsen.


Em cenários de desaceleração econômica e menor renda disponível, o consumidor aceita pagar até determinado valor pelo produto que não abre mão. E troca a marca se considerar o preço elevado. Nesta hora, ela corre o risco de perder participação de mercado.


No início do ano, historicamente há reuniões para reposição de estoque, quando se abre espaço para reajustes. Em 2015, porém, a alta solicitada superou o índice de anos anteriores, diz uma fonte. "Há três anos, os aumentos variavam de 5% a 7%. Hoje, as tabelas mostram reajuste de 8% para itens da linha de barbear e de 9% a 10% para cremes e xampus, por exemplo. Subiu a faixa de reajustes".


Relatório de resultados de 2014 da Unilever informa que, em mercados emergentes, como Brasil, Rússia e China, as vendas cresceram 5,7%, com volume se expandindo 1,3% e preços subindo mais, 4,3%. Em 2013, o reajuste foi menor, de 3,7%.


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