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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 31-01-2015 - 11:44 -   Notícia original Link para notícia
Setor de bebidas põe "pé no freio"

Pequenos empresas mineiras preveem dificuldade e acesso à principal matéria-prima, a água


Tatiana Lagôa


Produtores de cervejas artesanais, ao contrário das grandes indústrias, dependem das distribuidoras de água/Alisson J. Silva


Após três anos seguidos de crescimento na casa dos 20%, a indústria mineira de bebidas deve colocar o "pé no freio" em 2015, já que, em tempos de crise hídrica, as cervejarias do Estado terão dificuldade de acesso à principal matéria-prima, com conseqüente queda na produção. Além disso, mudanças na tributação do setor, que elevarão em cerca de 10% a carga tributária a partir de abril, prometem deixar os custos mais altos, em um cenário que não é dos mais positivos.

A falta de água é uma das questões que mais preocupam os empresários do setor em Minas Gerais. Isso porque os produtores de cervejas artesanais e de cachaça, por serem de pequeno porte, necessitam do fornecimento de água das distribuidoras, uma vez que não têm autorização para utilizar o insumo retirado diretamente dos rios, como as grandes indústrias.

Dessa forma, em caso de racionamento, essas empresas terão que reduzir a produção. "Não temos um plano de contingência. Se a distribuição de água parar, a produção para junto", alerta o superintendente executivo do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas/MG), Cristiano Lamêgo.

Como não se sabe ao certo que medidas serão adotadas pelo governo para passar pelo período seco, os empresários temem que seus negócios sejam afetados. Em caso de sobretaxa, a produção ficará imediatamente mais cara.

Já a dificuldade para suprir a demanda energética não teria um impacto tão elevado sobre os planos do setor, já que a maioria das empresas usa sistema de caldeiras, alimentadas por lenha ou outro elemento de combustão.

Outro fator de tensão para este ano é a mudança nas tabelas de referência sobre as quais são calculados os tributos de bebidas frias. Entram nessa conta cervejas, refrigerantes, energéticos, isotônicos, refrescos e outras bebidas mistas. Somente a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aumentou de 10% para 15%. A do PIS/Pasep chegou a 2,5% e a da Cofins a 11,9%. Na prática, a alta fica na casa dos 10%. A alteração elevará os custos de produção que, não necessariamente, poderão ser repassados de forma integral para os consumidores por causa da concorrência no setor.


Desaceleração - Diante das dificuldades previstas, as expectativas são de um resultado mais fraco neste ano. "Ainda não conseguimos quantificar o impacto de tantas questões na produção, porque o ano está só começando. Mas já sabemos que manter a média de crescimento de 20% registrada nos últimos três anos não será possível", afirma.

Em 2014, o crescimento da produção e faturamento das cervejas artesanais ficou em 21%, seguindo a mesma média dos dois anos anteriores. No caso das bebidas destiladas, que em terras mineiras são representadas exclusivamente pela cachaça, a expansão foi de 8%. O resultado ficou dentro do previsto, uma vez que nos dois anos anteriores o saldo foi parecido.

Segundo Lamêgo, o que justifica os três bons resultados seguidos é a expansão de mercado. As cervejarias artesanais têm ganhado cada vez mais espaço e a demanda pela bebida aumentado consideravelmente.

No ano passado, as altas temperaturas também contribuíram para a expansão da demanda. Da mesma forma, a Copa do Mundo, que estendeu o período de festas no país, foi outra justificativa para a alta da produção.

Já em 2015, não está prevista nenhuma festa que fuja do calendário habitual. E, apesar de tudo indicar que a temperatura vai ficar em alta, a economia está mais desaquecida. E, conforme lembra o próprio Lamêgo, qualquer situação que afete a renda do consumidor pode ser vista como um fator de risco para a procura de produtos considerados supérfluos.

O ano de 2014 foi também positivo para o setor de refrigerantes. Na Mate-Couro, com fábrica em Belo Horizonte, por exemplo, a produção subiu 6%. Segundo o gerente de Vendas, Lázio Divino Pinto, ainda não é possível quantificar impactos da mudança tributária ou da crise hídrica nos resultados deste ano. Porém, em janeiro a alta já chegou a 3% frente ao primeiro mês de 2014.


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