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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 30-01-2015 - 10:29 -   Notícia original Link para notícia
Fabricantes baixam preço para elevar exportações

Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto AlegreDesaceleração doméstica faz marcas reforçarem busca por cliente externo


Apesar das altas nas últimas três semanas, a desvalorização do real ante o dólar acumulada em pouco mais de 15% desde o início do segundo semestre de 2014 está animando as indústrias exportadoras de calçados neste início de ano. Segundo executivos do setor, as empresas brasileiras devem abrir mão de aumentos de margens e aproveitar a folga proporcionada pelo câmbio para reduzir preços no mercado externo e recuperar parte da competitividade perdida para os concorrentes chineses.


"A tendência é claramente essa", afirma o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. Segundo ele, diante da expectativa de desaceleração na demanda doméstica, as empresas estão se estruturando para entrar com "mais força" no mercado internacional e com a redução dos preços em dólar as exportações do setor devem crescer mais em volume do que em valor em 2015.


Embora tenha impacto favorável sobre as receitas, o dólar mais caro também prejudica as empresas pelo lado dos custos de matérias-primas como couro, químicos e solados injetados, mas o saldo é positivo. Com o novo patamar cambial, a Priority, dona das marcas West Coast e Cravo & Canela, por exemplo, já reduziu em até 15% os preços em dólar para exportação neste ano. Conforme o diretor comercial Eduardo Smaniotto, a medida já permitiu à empresa atrair mais compradores de países como Inglaterra, Alemanha, Espanha e do Oriente Médio.


A meta da Priority é aumentar dos 12% de 2014 para 15% em 2015 a participação das exportações sobre faturamento e produção, junto com uma alta geral de 21% nos dois critérios neste ano em comparação com o anterior. Até no mercado interno a expectativa da empresa é positiva, pela ausência de fatores que contribuíram negativamente em 2014 como a Copa do Mundo e as eleições.


Smaniotto admite que a redução de preços adotada pela fabricante supera um pouco os ganhos com o câmbio, o que significa algum sacrifício das margens nas vendas externas mas sem impedir um nível "justo" de rentabilidade nas operações. "Há dois ou três anos nossos preços passaram um pouco do ponto e perdemos competitividade em relação a marcas internacionais, principalmente na Europa", diz.


Ele acrescenta que o aumento do peso das exportações previsto para este ano representa ainda a reversão de um ciclo de cinco anos de queda, durante o qual a fatia do mercado externo sobre os negócios da empresa caiu de 21% para 12% no ano passado. "Agora decidimos ser mais agressivos", afirma.


A Piccadilly, fabricante de calçados femininos, também vê "boas perspectivas" para as exportações em 2015, apesar de "velhos problemas" que atrapalham as vendas para Argentina e Venezuela e da desvalorização de moedas em países como Rússia, Colômbia, Peru e até do euro, diz a diretora de exportações Micheline Grings Twigger. Segundo ela, o plano inicial da empresa é aumentar as exportações entre 15% e 20% em volume neste ano, ante a alta de 8% registrada em 2014.


Micheline lembra também dos aumentos de custos de matérias-primas e componentes atrelados à alta do dólar. Mesmo assim, espera ganhos de margens nas exportações principalmente no segundo semestre e afirma que eles serão repassados aos preços para ampliar a competitividade da empresa, que despacha 25% da produção para 90 países, em média, principalmente na América Latina.


"Precisamos proteger nosso espaço diante da forte competição com outras empresas brasileiras que recorrem às vendas externas quando ficam preocupadas com o mercado interno", diz. Segundo ela, a Piccadilly conta com uma rede de 30 lojas exclusivas (de terceiros) fora do Brasil e foca a estratégia no mercado externo na valorização da marca e na venda de produtos de maior valor agregado.


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