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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 28-01-2015 - 09:26 -   Notícia original Link para notícia
Analistas estimam alta de 0,62% do IGP-M em janeiro

Por Arícia Martins | De São Paulo


O primeiro mês do ano foi de inflação mais comportada no atacado, segundo economistas, mas a concentração de reajustes ao consumidor deve impedir que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) desacelere. A estimativa média de 16 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que o indicador calculado pela Fundação Getulio Vargas subiu 0,62% em janeiro, mesma taxa observada em dezembro. O dado será divulgado amanhã pela FGV.


As projeções para a alta do IGP-M neste mês vão de 0,54% a 0,68%. Se confirmadas as expectativas, a inflação acumulada em 12 meses pelo índice vai começar 2015 em ascensão, ao passar de 3,69% no fechamento de 2014 para 3,84% na medição atual.


Com peso de 60% no IGP-M, o economista-sênior do banco Besi Brasil, Flávio Serrano, estima que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) cedeu para 0,35% em janeiro, após avanço de 0,63% no mês anterior. Mesmo assim, calcula que o indicador geral registrou alta pouco maior, de 0,64%, puxado principalmente pelo Índice de Preços ao Consumidor - M (IPC-M), que representa 30% do IGP.


Segundo Serrano, o IGP-M subiu no período, porque o IPC quase dobrou sua taxa, ao passar de 0,76% para algo entre 1,35% e 1,4% na comparação mensal. "Houve uma concentração de reajustes no início do ano, com a parte de alimentação pressionada", diz o economista, que estima avanço de 1,7% para esse último grupo no último mês, acima dos 0,85% observados em dezembro. Mesmo mais escassas do que o normal, as chuvas intensas na virada do ano prejudicaram a produção de lavouras de curto prazo, com destaque para os alimentos in natura.


Além dos alimentos, o analista do Besi também destaca as altas esperadas para os segmentos de habitação e transportes na abertura do ano, de 1,7% e 1,45%, respectivamente, após 0,79% e 0,73% na medição anterior. No primeiro grupo, a principal pressão vai partir da entrada em vigor do regime de bandeiras tarifárias, que elevou as tarifas de energia elétrica, enquanto, nos transportes, os reajustes de ônibus urbano serão as maiores influências de aceleração.


O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, lembra outra questão sazonal que pressionou o IPC em janeiro: na metodologia da FGV, ao contrário do que ocorre no IPCA, os reajustes de mensalidades escolares são incorporados aos índices no primeiro mês do ano, e não em fevereiro. Por conta disso, Leal projeta que o grupo educação, leitura e recreação avançou de 1,23% para 2,40% na passagem mensal, com aumento de 1,35% no IPC. O IGP-M deve ter subido 0,65%.


De acordo com o economista, na contramão dos preços ao consumidor, a inflação no atacado deve ter diminuído em janeiro, puxada mais pelos produtos industriais do que pelos agropecuários. Em seus cálculos, o IPA industrial cedeu de 0,40% para apenas 0,10% na comparação mensal. "A queda do preço do petróleo, apesar de não afetar a gasolina e outros combustíveis, tem impacto sobre os derivados, como a nafta", explica Leal.


Serrano, do Besi, ressalta a moderação dos preços de produtos alimentícios e bebidas, que recuaram cerca de 0,20% na leitura atual do IGP-M, puxados por retração no óleo de soja, o que reflete a queda nas cotações do grão. Ainda no IPA industrial, o economista estima que o minério de ferro teve deflação de 5% neste mês, tendência que deve continuar nos próximos meses. "Apenas nos últimos três meses o minério caiu 40%", disse.


Já os produtos agropecuários devem ter se mantido em nível elevado, ainda que abaixo da alta de 1,23% registrada em dezembro. Serrano trabalha com avanço de 1% para os preços agrícolas em janeiro, mas destaca que a trajetória entre os componentes do IPA agropecuário não é homogênea, com deflação em grãos, como soja e milho, e alta em algumas proteínas animais e itens in natura.


O Índice Nacional de Custo da Construção - M (INCC-M), por sua vez, divulgado ontem, acelerou de 0,25% para 0,70% entre dezembro e janeiro, com taxas maiores em materiais, equipamentos e serviços (0,27% para 0,62%) e mão de obra (0,24% para 0,77%).



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