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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 23-01-2015 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Banco estima que IPCA ficará acima de 7% em todos os meses deste ano

Por Flavia Lima | De São Paulo


A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulada em 12 meses se manterá acima de 7% em todos os meses de 2015, segundo estimativa feita pela equipe econômica do Credit Suisse, liderada pelo economista Nilson Teixeira, em relatório enviado a seus clientes. Atualmente, economistas de bancos e consultorias mantêm suas projeções para o índice acumulado em 12 meses acima do teto da meta de inflação (de 6,5%) em boa parte do ano, mas a expectativa de altas acima de 7% em todos os meses ainda são incomuns.


O pico da inflação será atingido em fevereiro (mês em que o IPCA terá alta de 7,5% em 12 meses) e o piso (alta de 7,1% em 12 meses) em janeiro, junho e dezembro. Segundo a equipe econômica do Credit Suisse, a última vez em que a inflação acumulada em 12 meses se manteve acima de 7% em todos os meses do ano foi em 2003 - período em que a meta de inflação era de 8,5% e não havia intervalo de tolerância para a meta.


Diante de pressões adicionais vindas principalmente da conta de energia elétrica, a equipe reviu as projeções para a inflação de 2015 de uma alta de 6,7% na última projeção, feita no fim do ano passado, para uma elevação de 7,1% - bem acima, portanto, do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de 6,5%.


A revisão para cima do IPCA foi puxada por uma expectativa para a inflação de preços administrados em 2015 ainda mais forte. A alta esperada agora é de 9,8% em comparação à elevação de 7,3% estimada anteriormente. Os impactos mais importantes virão da revisão de aumento da tarifa de energia elétrica em 2015, de uma alta de 19,3% para aumento de 32%. Os maiores reajustes das tarifas de ônibus urbano e o aumento da alíquota da Cide e do PIS/Cofins sobre os combustíveis para R$ 0,22 por litro também pesaram sobre a revisão. O cenário anterior assumia um impacto menor, de R$ 0,12 por litro.


De maneira inversa ao que foi visto nos anos mais recentes, enquanto as expectativas para os preços administrados são revisadas para cima, as previsões para os preços livres em 2015 começam a ser revistas para baixo especialmente por conta da economia em ritmo fraco. Em razão da queda de 0,5% prevista para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 (a expectativa anterior era de crescimento de 0,5%), o Credit Suisse reduziu a projeção de inflação de preços livres neste ano, de alta de 6,5% para 6,3%.


O Credit Suisse espera ainda um começo de ano com inflação bastante pressionada. Nas contas da equipe, o IPCA deve subir 1,21% em janeiro e 1,1% em fevereiro - resultados bem superiores à média histórica para esses meses. Energia elétrica, transporte público, cigarros e alimentos no domicílio devem pesar sobre os preços em janeiro, com impacto maior dos alimentos (0,31 ponto na inflação). Já em fevereiro, os itens a pressionar a inflação serão especialmente a elevação de PIS/Cofins sobre gasolina (com o maior impacto de 0,30 ponto na inflação), mensalidades escolares, recomposição da alíquota do IPI sobre automóveis e, mais uma vez, energia elétrica.



Receita de serviços cresce menos e atinge pior resultado desde 2012


Por Diogo Martins | Do Rio


O aumento da inflação voltou a corroer os ganhos do setor de serviços e inibiu o consumo das famílias em novembro, quando a receita do segmento cresceu 3,7% frente a igual mês de 2013. Foi o pior resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em janeiro de 2012, do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo economistas, a tendência é que o setor de serviços permaneça em trajetória declinante nos próximos meses.


Com o resultado de novembro, o setor de serviços acumulou alta de 6,2% no ano e crescimento de 6,4% em 12 meses. Tanto a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) quanto a Fundação Getulio Vargas (FGV) estimam que, em 2014, o setor cresceu, no máximo, 6%.



"O descompasso entre mercado de trabalho - com menor número de vagas geradas nesse ano e os salários crescendo acima da inflação e da produção -- impede ganhos reais no setor de serviços. Os números do IBGE são nominais. Se aplicarmos a eles a deflação do IPCA de serviços, teremos uma queda de 2% a 2,5% na atividade de serviços no ano passado", afirma o economista Fabio Bentes, da CNC.


Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que diminuiu o ritmo de geração de postos de trabalho formal no setor de serviços entre 2013 e 2014, de 562 mil para 488 mil. De acordo com Bentes, a perda do dinamismo no mercado de trabalho é um outro complicador para o crescimento do setor de serviços.


O economista Silvio Sales, da FGV, concorda e acrescenta que o arrefecimento no ritmo de crescimento da renda média real do trabalhador é um outro componente que ajuda a explicar a desaceleração do segmento de serviços ao longo de 2014.


"A inflação está muito alta. Combinado a isso, vemos que os reajustes salariais obtidos no ano passado foram feitos em patamares menores que em anos anteriores, embora o trabalhador ainda tenha obtido ganhos salariais reais no ano passado", diz o economista.


Sales também afirma que a desaceleração no ritmo de crescimento da renda do trabalhador permanecerá impactando os serviços voltados às famílias. Entre esses estão alimentação e alojamento.


Em novembro, esse tipo de serviço subiu 4,4% ante igual mês de 2013, depois da alta de 6,8% em outubro, também na comparação entre um ano e outro. "As famílias estão mais seletivas no consumo de serviços, principalmente, no de alimentação e de alojamento, o que vem prejudicando a receita dos serviços prestados às famílias. Some-se a isso o fato de novembro não ser um mês de férias", afirma Roberto Saldanha, técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE.


Mas ele ressalta que os problemas dos serviços vão além do consumo das famílias. "Os dados da PMS mostram que a indústria, o comércio e o governo estão cortando custos e demandando menos serviços", afirma o técnico do IBGE.


Segundo Bentes, da CNC, os próximos meses devem ser de mais desaceleração para a atividade de serviços. "Com as medidas do governo de aumento de juros, de gasolina, de tarifa de energia elétrica e corte de gastos, o descompasso entre inflação e atividade de serviços vai continuar por um bom tempo", destacou.


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