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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 23-01-2015 - 10:14 -   Notícia original Link para notícia
Países ricos puxam recorde nas vendas globais de carros

Por Eduardo Laguna | De São Paulo


Após seis anos seguidos em baixa, o consumo de carros voltou a subir na União Europeia em 2014. A alta no bloco econômico foi de 5,7%, mas só no mercado espanhol passou de 18%. Nos Estados Unidos, as vendas de veículos, em igual período, foram as mais altas em oito anos, enquanto no Canadá, as maiores de todos os tempos. O terceiro maior mercado automotivo do mundo, o Japão, também fechou 2014 no azul, elevando em 3% os volumes registrados em 2013.


Por outro lado, seja por razões econômicas, seja por motivações políticas - como a crise na Ucrânia -, entraram em rota de queda ou em forte desaceleração as economias emergentes do Leste Europeu e da América do Sul que ajudaram a carregar essa indústria quando os mercados maduros estavam em crise. Entre os maiores estragos, a Rússia teve queda superior a 10% nas vendas de carros, em mais um reflexo da crise que o país vive com a rápida desvalorização do petróleo e as sanções econômicas impostas por Estados Unidos e União Europeia pelo envolvimento do Kremlin na crise ucraniana.



Soma-se a isso a forte queda dos emplacamentos na Argentina e no Brasil - que perdeu para a Alemanha a quarta colocação entre os maiores mercados do mundo -, mais a módica taxa de crescimento da Índia, e o resultado é um quadro que sugere mudança na dinâmica de expansão da indústria global de veículos. Mas para consultorias que acompanham de perto o setor, essa é uma conclusão precipitada.


No longo prazo, dizem analistas, o maior crescimento voltará a residir nas economias em desenvolvimento. Ou seja, não há perspectiva de deslocamento do eixo que sustentou o mercado automotivo após a crise financeira internacional de 2008 - formado por China e emergentes - para um eixo China-Economias Desenvolvidas. "A força ainda continua nos países em desenvolvimento", diz Ricardo Bacellar, diretor de relacionamento da KPMG na área automotiva.


Em 2014, a combinação de retomada dos mercados maduros com crescimento próximo de 10% das vendas de carros na China garantiu novo recorde no consumo mundial de veículos - para, em número estimado, aproximadamente 85 milhões de carros. Contudo, a expectativa é que a reação dos países desenvolvidos perderá fôlego até o fim da década, ao passo que a expansão populacional, a ascensão social e a urbanização de zonas ainda rurais vão gerar oportunidades em mercados emergentes.


Nesse contexto, a Índia parece ter hoje o terreno mais fértil para o avanço da indústria automobilística. Nas contas da Roland Berger, o mercado indiano, que movimentou 2,6 milhões de carros em 2014, vai crescer num ritmo anual médio de 12%, passar de 5 milhões de unidades até o fim da década e superar não apenas o Brasil (hoje o quinto colocado), mas também a Alemanha no ranking dos maiores consumidores de veículos do planeta. "A Índia passou por crises política e econômica, forte desvalorização da moeda e crise de confiança. Mas as reformas foram realizadas e a rupia está se valorizando novamente", diz Stephan Keese, sócio da Roland Berger.


O consultor David Wong, da AT Kearney, faz uma avaliação parecida. "A Índia tem potencial de consumo, tem uma grande população que migra para a classe média e tem uma indústria automotiva em desenvolvimento. O potencial de crescimento da população e da renda também é alto. Só precisa agora confirmar a dinâmica do crescimento", acrescenta.


Há consenso de que a China, onde está o maior mercado do mundo, continuará sendo a locomotiva da indústria automobilística global por muitos anos. Com 23,5 milhões de veículos emplacados no ano passado, a China já responde por 27% das vendas no mundo, mas esse percentual ainda vai chegar a 31% em dez anos, conforme estima a consultoria IHS Automotive.


A despeito do momento difícil, a IHS também acredita na recuperação da demanda no Leste Europeu - cuja fatia nas vendas globais deve subir, também em dez anos, de 4,1% para 5,1% -, assim como prevê maior participação da América do Sul no volume total de automóveis vendidos no mundo, saindo dos atuais 5,7% para 6,3% até 2025. Já a participação da Europa Ocidental deve cair nesse período de 15,7% para 13,4%, e a da América do Norte, de 22,8% para 17,9%, ainda segundo números da IHS.


É uma visão que se aproxima de projeções traçadas por algumas das maiores montadoras, como a General Motors (GM), para quem 55% do crescimento da indústria global virá de países emergentes até 2030. Outros 33% virão da China, nas contas da GM.


Em geral, tanto consultorias como dirigentes de grupos automobilísticos acreditam que a recuperação do mercado europeu seguirá num ritmo bastante lento. A decisão do governo japonês de elevar o imposto sobre o consumo para financiar o sistema de previdência social também não abre boas perspectivas para o país asiático, de forma que nesta semana a Toyota anunciou a expectativa de queda de 9% das vendas do grupo em seu mercado de origem neste ano. Já nos Estados Unidos, espera-se que o mercado caminhe para a estabilidade, à medida que as vendas se aproximam de marcas históricas.


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