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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 22-01-2015 - 09:30 -   Notícia original Link para notícia
Whirlpool traça cenários opostos para este ano

Por Gustavo Brigatto | De São PauloBrega, presidente da Whirlpool: ajuste fiscal é necessário, mas governo precisa var "uma visão de futuro" ao país


A Whirlpool, donas das marcas Brastemp e Consul, trabalha com dois cenários opostos para o setor de eletrodomésticos neste ano: leve crescimento ou uma pequena queda em relação ao ano passado, que mostrou desempenho ruim por conta da Copa do Mundo e da economia fraca. Para que as vendas voltem a crescer com maior vigor, acompanhando uma economia mais robusta, não basta o "remédio amargo" do ajuste fiscal, que vem sendo anunciado em Brasília. O governo, simultaneamente, precisa dar ao país uma "visão de futuro".


A avaliação é de João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para a América Latina. "Essa história de crescer o bolo para depois dividir já era. Não dá para pensar em fazer uma coisa [medidas de curto prazo] ou outra [planejamento de longo prazo]. Tem que ser uma coisa e outra", disse o executivo ao Valor.


Para Brega, essa postura é importante para amenizar os efeitos das correções de rota que estão sendo feitas no momento e manter a confiança para investimentos de longo prazo no país. "O governo está fazendo o que é certo e precisa ser feito. Mas a gente vai precisar de infraestrutura quando voltarmos a crescer. Por isso as duas coisas têm que caminhar juntas. A gente faz isso na administração de uma empresa", disse. Essa postura, observou, deve ser adotada não só na esfera federal, mas também nos Estados e o mais rápido possível. "Tenho certeza que isso será feito". De acordo com o executivo, a Whirlpool ainda não teve conversas diretas com os novos governos, empossados em 1º de janeiro.


Com a promessa de longo prazo, o setor de eletrodomésticos poderá, segundo ele, apresentar um 4º trimestre de crescimento que servirá de impulso para o desempenho em 2016 e 2017. É o que Brega chama de "taxa de saída", ou seja, o estado de espírito em que um ano se encerra que se reflete no período seguinte.


Até lá, a performance ao longo de 2015 mostrará oscilação. Para o 1º trimestre, por exemplo, a expectativa é de uma queda de até 9% nas vendas - o que pode ser considerado natural frente aos 10% de crescimento registrados no ano passado. Para o 2º trimestre, a expectativa é de um crescimento de vendas na faixa de um dígito - outro movimento natural já que no ano passado houve recuo de 14%. Já no 3º trimestre, o mercado pode repetir o desempenho de 2014.


No acumulado até o 3º trimestre de 2014, a Whirlpool apresentou uma receita de R$ 4,8 bilhões no Brasil, 1% a mais que o registrado no mesmo período de 2013. Na última linha, entretanto, a companhia apresentou um recuo de 20%, para R$ 464,2 milhões. O lucro líquido menor foi acarretado pelo aumento nos custos e nas despesas gerais e administrativas. No mês de maio, a companhia chegou a fazer um reajuste de preços de 10% para repassar custos acumulados nos dois anos anteriores. "Se não fizéssemos [o reajuste], não conseguiríamos levar adiante nosso plano de investimento. Foi por falta de opção mesmo", disse ao Valor na época, Enrico Zito, então presidente da unidade de eletrodomésticos da companhia para a América Latina.


Em dezembro, Zito assumiu a Whirlpool na China. Brega acumulou os comandos no Brasil e na América Latina. A ideia, segundo ele, é manter essa configuração por pelo menos dois anos, até que algum executivo da companhia esteja preparado para a função. "Se eu trouxesse alguém de fora eu bloquearia a possibilidade de crescimento aqui dentro por mais uns 5 anos. Estou trabalhando muito mais agora", disse.


Para 2015, Brega não confirma nem nega a possibilidade de paradas nas linhas de produção fora da programação natural do setor - como a das linhas de produção de equipamentos de ar condicionado durante o inverno. "Depende de como o cenário vai evoluir", diz.


A Whirlpool emprega mais de 15 mil pessoas no Brasil, sendo a maioria nas fábricas da companhia em São Carlos (SP), Joinville (SC) e Manaus (AM). No ano passado, a empresa chegou a interromper a produção de algumas linhas por conta da demanda mais fraca. Isso já estava planejado como "efeito da Copa", diz Brega.


O plano para 2015 é colocar no mercado 200 novos produtos. São 16 a mais que o número registrado no ano passado. De acordo com Brega, cerca de 35% da receita vem de produtos lançados nos últimos dois ou três anos e a expectativa é ampliar essa fatia. "Hoje a minha competição não é mais geladeira contra geladeira, mas contra a televisão e o smartphone. A inovação é um aspecto muito importante". Entre as grandes apostas para 2015 está o início das vendas da máquina de bebidas B.blend, ainda no 1º trimestre.


No estilo das máquinas para cafés vendidas pela Nespresso, da Nestlé, a máquina da Brastemp funciona com cápsulas. A diferença é que ela prepara não apenas café, mas também sucos e refrigerantes. O equipamento será oferecido no modelo de assinatura mensal e o consumidor poderá comprar as cápsulas das bebidas que preferir.


Varejo trabalha com possibilidade de nova tabela de preços

Por Adriana Mattos | De São Paulo


A Whirlpool passou a informar às principais redes de varejo do país que será preciso fazer um novo aumento de preços de suas mercadorias já no começo deste ano, e caso a rede de varejo se posicione contra o reajuste, a empresa informou que deverá reduzir produção para defender rentabilidade. Números publicados pela empresa, relativos a seu balanço do período de janeiro a setembro de 2014, mostram que a companhia perdeu margem de lucro líquida no país.


Duas grandes cadeias de eletrodomésticos ouvidas pelo Valor nos últimos dias receberam o aviso da empresa no fim do ano passado. Caso corte produção, a Whirlpool pode reduzir algumas despesas e com isso, tentar equilibrar a pressão maior de custos atrelados ao dólar à demanda menor pelos seus produtos nos últimos meses., segundo fonte ouvida.


Além disso, ao reduzir ritmo de produção de certas categorias, a oferta desses produtos cai e, com isso, o preço acaba tendo que subir. Foi depois da recente queima de estoques acumulados no ano passado que a Whirlpool começou a tratar da questão dos reajustes.


Os estoques de linha branca no país, de diferentes marcas, atingiram alto volume em 2014, e só teriam começado a cair em setembro, disse um diretor de uma rede de varejo paulista.


Aos varejistas, a Whirlpool diz que tem verificado uma pressão maior da indústria de aços planos, que tem pedido reajustes de 6% a 8% aos seus clientes do setor de eletrodomésticos, por conta da recente subida do dólar. A Whirlpool pede neste momento aumentos de 5% a 7%, apurou o Valor.


"O problema principal é que a operação de venda on-line tem estoque muito baixo hoje, mais baixo do que as lojas [físicas] por causa do 'Black Friday'. Por isso, os sites vão precisar comprar mercadorias e não podem tentar barrar o aumento", disse uma fonte do setor de varejo.


João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para o Brasil e a América Latina, não reconhece essas tratativas. Segundo ele, a companhia não tem uma tabela de preços fixa. As negociações são feitas caso a caso levando em consideração aspectos como volume e tipo de produtos comprados pela rede. "Não somos os vilões da inflação, somos vítimas", disse.


Pelo relatório de resultados, os custos da empresa com matérias primas e materiais indiretos subiu 6,4% entre janeiro e setembro, alcançando R$ 3,9 bilhões, e a soma de estoques de produtos acabados subiu 14%, para R$ 646,5 milhões no mesmo intervalo, abaixo do ritmo de crescimento das receitas consolidadas.


A companhia tem perdido rentabilidade no país. De janeiro a setembro, a Whirlpool informou em relatório de resultados que registrou lucro líquido de R$ 464,2 milhões, abaixo dos R$ 582,4 milhões no mesmo intervalo de 2013. Em 2014, o lucro respondeu por 6,8% da receita líquida da empresa, abaixo de 2013, quando essa margem líquida foi de 8,9%.


A fabricante de linha branca não é a única do setor de consumo que tenta repassar custos maiores. Samsung e LG estiveram em negociações com varejistas em dezembro para transferir ao varejo parte do recente aumento do dólar. TVs têm alta quantidade de insumos importados. (Colaborou Gustavo Brigatto)



Venda de eletroportáteis cresceu 8,4% em 2014Compartilhar:


Por Gustavo Brigatto | De São Paulo



Eletroportátil valoriza a casa e não é tão caro quanto outros eletrodomésticos


Enquanto o volume de vendas de eletrodomésticos como máquinas de lavar louça, geladeiras e fogões no varejo ficou praticamente estável em 2014 (alta de 0,4%, para 31,3 milhões de unidades), a categoria de eletroportáteis (ventilador, ferro de passar roupa, aquecedor e secador de cabelo, por exemplo) cresceu 8,4%, segundo dados da Euromonitor.


O grande destaque foram as fritadeiras elétricas sem óleo, que tiveram um avanço de 81% nas vendas. Os volumes, porém, ainda não são expressivos: passaram de 500 para 900 unidades em um ano. Para Alexis Frick, a busca por esse tipo de produto mostra que o brasileiro está seguindo a tendência mundial de busca por hábitos de vida mais saudáveis. A expectativa é que as vendas desse tipo de produto dobrem até 2019 tanto no Brasil quanto no mundo.


Por medir os números nas lojas, os números da Euromonitor podem divergir da leitura feita por fabricantes, que normalmente levam em consideração as vendas feitas às redes varejistas. As redes estocam alguns produtos e podem demorar a fazer novos pedidos às fábricas.


Outro movimento percebido por Frick entre os consumidores é a opção por eletroportáteis como uma forma de equipar a casa sem gastar muito. "Eles valorizam a cozinha e não são tão caros quanto outros eletrodomésticos, por isso se tornam uma opção viável ao consumidor", disse.


No segmento de eletrodomésticos convencionais, houve avanço das máquinas de lavar louça: crescimento de 27,7%, para 382 mil unidades. É o brasileiro em busca de comodidade, diz Frick.


Na avaliação de Sergei Sergei Epof, gerente geral de linha branca da japonesa Panasonic, 2015 será mais difícil do que 2014, por conta de medidas como a elevação do IOF para o crédito de pessoa física. Ele disse acreditar que as vendas devem se manter estáveis em relação ao ano passado, mas os valores podem subir por conta dos repasses de custos. "O consumidor também está procurando produtos mais caros, principalmente em segmentos onde o uso é maior, como nos refrigeradores [que estão em quase 100% das casa brasileiras]", disse Epof.


Em relação à Panasonic, ele disse ter boas expectativas. No mercado brasileiro há cerca de três anos, a Panasonic ainda tem uma parcela pequena do mercado, por isso tem apresentado um crescimento significativo. Em 2014, o avanço foi de 50%, segundo Epof.



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