Alta abrange diversas regiões de Belo Horizonte e tem inviabilizado a permanência de muitos lojistas na capital

MÁRCIA XAVIER

O sonho de abrir uma loja e se tornar um empreendedor de sucesso tem se transformado em pesadelo para muitos comerciantes. Com as oscilações econômicas registradas em 2014 e os valores cada vez mais altos dos aluguéis, muitos projetos têm se inviabilizado, fechando comércios em Belo Horizonte.

"Essa alta no aluguel tem sido verificada no mercado como um todo. Em alguns locais a alteração é de grau maior", comenta Marco Antônio Gaspar, vice-presidente da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL/BH).

Destaque. Segundo pesquisas, tal situação é percebida em vários bairros da cidade, principalmente na região Centro-Sul que, nos últimos cinco anos, teve alta relevante no valor da locação.

De acordo com um levantamento da Fundação Ipead/UFMG, em parceria com a Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi), o valor do aluguel de lojas externas era R$ 27,23/ m², em outubro de 2009. No comparativo com o mesmo mês, em 2014, o preço subiu para R$ 47,06/ m², uma elevação de 72,82%. Já a locação de empreendimentos internos era de R$ 15,53/m² e, hoje, corresponde a R$ 30,81/m², um aumento de 98,4%.

Orientação. "A saída para os empreendedores é tentar sempre uma negociação com os proprietários na tentativa de adequar os valores à realidade", orienta Flávio Galizzi, vice-presidente da área das corretoras de imóveis da CMI/Secovi-MG, que relembra que a lei faculta fazer ação revisional de aluguel a cada três anos.

"Infelizmente, não há como contermos isso, é algo de mercado. O que fazemos é aconselhar os empreendedores. É interessante que eles analisem bem antes de abrir um negócio. É preciso pensar se todos os gastos caberão no bolso. Se os custos forem muito altos é recomendável não aceitar. Quem já aceitou e está vivenciando o aumento, pode valer mais a pena fechar e montar em outro lugar do que correr riscos e ter contas impagáveis", frisa Marco Gaspar.

O vice-presidente da CDLCDL/BH também afirma que é preciso ficar atento ao percentual do custo de locação para que este não influencie nos lucros, principalmente para os micro e pequenos empresários.

"No ano passado, esse percentual correspondia a 5% do faturamento, atualmente há uma média de 7,5%, que é aceitável nos negócios. O ideal é que não ultrapasse os 10%", instrui ele.

Realidade. Segundo os especialistas, apesar da alta nos valores, os preços estão se estagnando.

"O movimento começou a ser freado, os aluguéis começaram a recuar. Porém, é evidente que onde há mais procura, há um maior aumento", diz Marco Gaspar.

"Para 2015, acompanhando a fase do Brasil, creio que os preços não devam aumentar, mas também não irão diminuir ", ressalta Galizzi.

Embora haja perspectiva de recessão, é preciso atenção no ano que vem. E agir com cautela nunca é demais. "A expectativa não é tão boa. A inflação estará em alta, o desemprego também", alerta e finaliza Gaspar.