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Portal EM ( Gerais ) - MG - Brasil - 16-10-2014 - 11:20 -   Notícia original Link para notícia
Economia fraca reflete no emprego - 7h11

Saldo das contratações no país ficou em 123.785 em setembro. Foi o pior para o mês desde 2001


Francelle Marzano


Diego Amorim - Correio Braziliense


Marinella Castro -


Publicação: 16/10/2014 06:00 Atualização: 16/10/2014 07:11
Agata Christina conquistou sua vaga temporária em loja de brinquedosDiante do pífio crescimento da economia brasileira, não há como esperar um mercado de trabalho empolgante. Em setembro, aquém das expectativas, o país registrou o menor ritmo na criação de vagas com carteira assinada para o mês desde 2001. O saldo líquido de 123.785 - referente ao número de contratações menos o de demissões - representa o pior resultado em 13 anos e reforça a esperada perda de fôlego do nível de emprego no Brasil.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, mostram um recuo de 41,35% na abertura de vagas, se comparado com o mesmo período de 2013, quando foram criados 211 mil postos de trabalho. No acumulado do ano, os 904.913 empregos celebrados pelo governo em meio à tentativa de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) significam o pior saldo, pelo menos desde 2004, quando começou a série histórica ajustada. Na comparação com igual período de 2013, o recuo foi de 31,6%.

Claramente, expõem os números, o apetite das empresas brasileiras por contratação está diminuindo. A situação do mercado de trabalho só não se agrava rapidamente, sustentam analistas, porque a procura por vagas não tem sido tão grande, o que ajuda a explicar a taxa de desemprego no confortável patamar de 5%, segundo o levantamento de agosto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mais atual.

Para o ministro do Trabalho, Manoel Dias, está tudo bem e sob controle. Rechaçando qualquer avaliação contrária, ele classificou o resultado de setembro como "um sucesso", manteve de pé a meta de 1 milhão de novos empregos em 2014 e chamou de "pessimistas" aqueles que não concordam com ele. "Há muita má vontade", resmungou o ministro, durante a apresentação dos dados. "Não há nenhum número hoje no Brasil que você pode dizer que está ruim", chegou a dizer.

No entender do ministro, o que importa é garantir a criação de emprego e, assim, "olhar o lado positivo dos números". Quando questionado, por mais de uma vez, sobre o pior resultado em 13 anos, ele insistiu na tese do arrefecimento da demanda. "Não estamos vivendo pleno emprego? Se gerássemos 200 mil vagas, não teríamos onde colocar. A tendência natural é que, a cada ano, vá diminuir a necessidade de novos empregos", argumentou Dias.

SEM DINAMISMO

O nível de emprego é sempre pautado pelo crescimento da economia de um país, chamou a atenção o professor da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos. Não se trata, acrescentou o especialista, de discordar do governo. "É apenas uma questão de bom senso. Com o PIB (Produto Interno Bruto) do jeito que está, próximo a zero, não existe a possibilidade de dinamismo no mercado de trabalho brasileiro. Não se pode separar uma coisa da outra, não faz sentido", sublinhou.

Em Minas Gerais, puxado pela entressafra da agropecuária, o mercado de trabalho formal encolheu 0,22% em setembro em relação ao registrado no mês anterior. Ao todo, foram fechadas no estado 9,6 mil vagas. Mas o comércio e empresas voltadas para serviços, já com reflexos da contratação temporária, tiveram alta em setembro, com altas de 0,30% e 0,38%, respectivamente, somando 9.043 vagas abertas durante o mês.

A perspectiva da de Belo Horizonte (-BH) é que entre setembro e dezembro o número de vagas seja ampliado em 1,5% em relação a 2013. "No período, o comércio e serviços devem, juntos, abrir 9,3 mil vagas temporárias na capital", diz Ana Paula Bastos, economista instituição. Segundo ela, as micro e pequenas empresas devem começar a contratar para o Natal a partir deste mês, ao "sentir" um pouco mais a disposição do consumidor para as compras.

Em setembro Agata Christina, de 22 anos, ajudou a esquentar o termômetro do emprego no estado. Ela conseguiu uma vaga como vendedora no Shopping Del Rey, onde foi contratada para reforçar o quadro da Loja Estripulia no Dia das Crianças. "Meu contato de experiência vai até o Natal", diz. Ela está otimista e acredita que pode entrar para o quadro permanente da loja. Apesar da diminuição do ritmo da geração de vagas, a vendedora não teve dificuldades em encontrar trabalho. Vitor Hugo da Silva, gerente da loja, diz que contrataram oito funcionários e mais quatro devem chegar para o Natal.

Suspiro para o comércio

O comércio varejista mineiro voltou a crescer depois de duas quedas consecutivas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto o varejo cresceu 0,6%, se comparado ao mês anterior, que teve queda de 0,9%. Em junho, a retração foi de 0,5%. No Brasil, a média de crescimento foi de 1,1%. No acumulado dos últimos 12 meses. No período, Minas registrou alta de 3,6% nas vendas, enquanto o país cresceu 2,4%.

Segundo o analista do IBGE em MinasGerais, Antonio Braz, a alta dos juros e da inflação, aliada ao crédito mais caro e desaquecimento do mercado de trabalho são os principais fatores que resultados não tão bons quanto os registrados em anos anteriores. "Tivemos ao longo desses 12 meses resultados que variaram para negativo e positivo, mantendo o crescimento moderado. Com a massa de rendimento menor, o consumidor está mais cauteloso para fazer compras", explica. Entre as atividade que ajudaram a fechar agosto com cenário positivo ante a julho estão combustíveis e lubrificantes, com crescimento de 3,4%; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos de perfumaria e cosméticos, 4,1%; outros produtos de uso pessoal e doméstico, de 6,1%; e veículos, motocicletas, partes e peças, com 7,2%.

Já entre os setores que apresentaram queda estão hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,8%). O setor de móveis foi o que apresentou a maior queda (-10,3%), seguido por livro, jornais, serviços e papelaria (-9,2%), equipamento e material para escritório, informática e comunicação (-8,3%) e material de construção (-7,2%). No entanto, mesmo com a queda registrada nesses setores, os resultados acumulados em 12 meses encontram-se positivos, tanto para o comércio varejista restrito quanto para o ampliado.

Em Belo Horizonte, o crescimento do comércio varejista foi de 1,12% em setembro, na comparação de comparado agosto a setembro. No ano, a alta registrada foi de 1,63%, a menor dos últimos cinco anos para o período, de acordo com balanço divulgado ontem pela de Belo Horizonte (-BH). Para a economista da , Iraci Pimenta, os índices também são resultado da alta dos juros e inflação. "O que mais tem registrado alta de vendas são bens de baixo valor como supermercados e vestuário. Nos setores que contemplam bens duráveis, houve um crescimento exponencial em 2011 e 2012, que agora não é mais registrado", ressalta.

Os setores que apresentaram crescimento nessa base de comparação foram: papelarias e livrarias (10,44%), veículos novos e usados (2,1%), máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (1,08%), supermercados e produtos alimentícios (0,91%), tecidos, vestuário, armarinho e calçados (0,76%) e produtos farmacêuticos (0,26%). Os segmentos de ferragens, material elétrico e de construção e artigos diversos foram os únicos que apresentaram queda, de 1,47% e 0,4%, respectivamente.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL, Criança
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