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Portal EM ( Gerais ) - MG - Brasil - 23-09-2014 - 10:58 -   Notícia original Link para notícia
Escolas particulares de Minas Gerais ficam até 16% mais caras em 2015 - 6h00

Alta nas mensalidades, que já começa a ser comunicada pelos colégios, deve ficar bem acima da inflação. Preços dos materiais também vão subir


Marinella Castro -


Publicação: 23/09/2014 06:00 Atualização: 23/09/2014 07:37



Gabriela de Carvalho com os filhos, Ana Luiza e Henrique: salário não acompanha reajustes do colégio
Janeiro de 2015 vai chegar com forte pressão no orçamento das famílias mineiras. As mensalidades dos colégios particulares vão aumentar entre 12% e 16% no próximo ano, percentuais bem acima do praticado neste ano, quando as escolas ficaram 9% mais caras, em média. O reajuste para 2015, anunciado pelo Sindicato das Escolas Particulares (Sinep-MG), pode passar do dobro da inflação acumulada no ano até agosto, de 6,51%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somados ao reajuste das mensalidades, outros custos que pesam para os pais, como os com materiais escolares, também vão acelerar até três vezes mais que a média observada este ano. Especialistas do setor estimam que no balcão da papelaria a conta do material escolar vai ter alta de até 15%.

As expectativas de baixo crescimento econômico (próximo a 1%) do país com a ameaça de alta na inflação, reajuste de professores e inclusão de novas tecnologias são as principais justificativas das escolas para a alta no preço do serviço. Mas o Sinep também apontou crescimento da inadimplência e receio da evasão. "Como somos obrigados por lei a fixar os preços antes do início das aulas, as escolas têm que avaliar todos os fatores, inclusive o risco de os alunos da classe C, que nos últimos anos se matricularam massivamente nas escolas particulares, com a pressão da inflação, voltarem para a escola pública", apontou Emiro Barbini, presidente do sindicato.

Para o material escolar, Marco Antônio Gaspar, vice-presidente da de Belo Horizonte (-BH) e fundador da Câmara Setorial de Papelarias, aponta que alta do câmbio afetou tanto o valor do papel quanto o preço dos importados, que compõem grande parte do estoque do varejo. "Nos últimos cinco anos, o material escolar teve preços represados com alta média próxima a 5%. Mas, no ano que vem, calculamos reajustes entre 12% e 15%, motivados pelo câmbio."


Segundo Barbini, a economia no ano que vem é uma incógnita e os prognósticos para o Produto Interno Bruto (PIB) não são bons, o que pressionou os cálculos das escolas. Ele comenta que a inclusão de novas tecnologias estão encarecendo o custo da educação, além dos salários. "O recursos humanos consomem 75% da receita das escolas e os reajustes dos profissionais têm sido sempre com ganho real, acima da inflação", justificou.

Algumas escolas de Belo Horizonte já começaram a anunciar os aumentos. Surpreendidos pela carta que traz os novos números em negrito, famílias já estudam ajustes no orçamento, como o corte de aulas extra-curriculares. A fisioterapeuta Gabriela Motta Carvalho tem dois filhos na rede privada e conta que "ficou muito assustada", com os novos valores da escola localizada no Bairro Jaraguá. Ela faz parte de um grupo de pais que conversam e trocam informações e experiências pelo aplicativo whats app. "Todos gostam muito da escola. Vamos tentar nos reunir com o colégio para entender o reajuste. É alto demais, o dobro da inflação. Nosso salário não acompanha esse aumento", comentou.

Para Henrique, de 3 anos, Gabriela vai arcar com parcela de 12% maior: a nova mensalidade é de R$ 738. O reajuste para Ana Luiza, de 6, que sai do ensino infantil para o primeiro ano do fundamental foi o mais expressivo, alcança 27%, devido à mudança de faixa etária. "A mensalidade, que hoje custa R$ 660, será de R$ 838 em 2015." Gabriela Carvalho calcula que, com as taxas de lanche e projetos desenvolvidos , além do material, a mensalidade da menina vai ultrapassar R$ 1 mil.


JUSTIFICATIVAS Maria Lucia Scarpelli, coordenadora do Procon Municipal, aponta que as escolas são livres para praticar o reajuste. Mas os custos devem ser explicados aos pais por meio da planilha, uma vez que a informação clara, precisa e ostensiva é um direito previsto no Código de Defesa do Consumidor. "Geralmente essas planilhas são complicadas, de difícil entendimento para quem é leigo. O melhor que os pais podem fazer é mesmo se reunir em grupos e, de forma coletiva, pedir uma explicação à escola. Podem também contratar um profissional para avaliar os custos."

Clarice Passos, fonaudióloga, mãe de Alice, de 4 anos, e de Vitor, de 4 meses (que vai para a escola no ano que vem) considera o reajuste de 12% abusivo. Ela paga cerca de R$ 800 para a filha. "É um absurdo porque o índice está bem acima da inflação. Penso que, com a alta carga tributária que pagamos, deveríamos ter opção de escola gratuita, com qualidade", completou. A engenheira civil Cláudia Monção, diz que a mensalidade de João Pedro, de 5, custa praticamente o preço de uma faculdade, perto de R$ 1 mil, sendo um dos principais custos do seu orçamento doméstico. "O índice de reajuste veio bem alto e não há como cortar na educação."

Na tentativa de driblar a alta no custo de vida, Gabriela Motta já reduziu as aulas interdisciplinares. A filha não faz mais o balé. Ficou apenas com a natação. Cláudia Monção diz que cortes na educação seriam a sua última opção. Para organizar as despesas a família reduz os gastos com alimentação fora do lar e com itens que consideram supérfluos.

Na ponta do lápis

Especialistas em educação financeira consideram que a alta de preços na mensalidade escolar deve ser observada com cuidado pelos pais. O momento, segundo os profissionais de finanças, é de observar o orçamento doméstico, refazer contas e evitar a inadimplência. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), no ensino médio o chamado calote chega a 7,5%. No ensino superior, algumas instituições chegam a ter taxas próximas a 20%.

Para evitar o descontrole, o momento de colocar todas as contas na mesa é agora. "Com um custo pelos menos 12% maior os pais devem observar se a alta cabe no orçamento. Se não, devem definir de forma clara onde vão cortar", sugere Erasmo Vieira, consultor de finanças pessoais. Segundo ele, a troca de escola deve ser avaliadas pela família, mas com cautela. Antes de decidir colocar o filho em outro colégio é importante observar possíveis custos adicionais, como os com o transporte. Ele reforça que o momento de tomar as decisões é agora e não no início do ano, quando a fatura já terá chegado. "Quando a educação é a prioridade da família, outros itens devem ser observados para reduzir os custos. O grande erro das pessoas é querer incluir à força novos gastos no orçamento ", pondera.

Segundo Emiro Barbini, presidente do Sinep-MG a taxa de inadimplência das escola particulares tem se mantido historicamente no patamar de 7,5%. Em contrapartida o setor tem crescido nos últimos cinco anos entre 5,5% e 7% ao ano. O censo da educação do governo federal também aponta que a rede particular ganhou 1 milhão de novos alunos entre 2009 e 2012.



Palavras Chave Encontradas: Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL
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