A inflação e o conseqüente maior endividamento por parte do consumidor têm feito com que o nível de inadimplência na capital mineira cresça mês após mês. Em julho, o número de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH) cresceu 1,7% em relação a junho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice de dívidas em atraso aumentou 2,32%. E no acumulado de 2014, a alta na inadimplência já chega a 5,06% frente aos primeiros sete meses de 2013.

De acordo com a economista da entidade, Ana Paula Bastos, o aumento do número de registros em todas as bases de comparação é reflexo do atual cenário econômico brasileiro. Conforme ela, a combinação entre diversos fatores tem feito com que as pessoas fiquem sem condições financeiras de honrar seus compromissos.
 

"Inflação em alta e as taxas de juros (Selic) elevadas estão aumentando o custo de vida das pessoas. Muitos consumidores estão ficando sem condições de honrar suas dívidas por falta de recursos ou de planejamento", explica.

Outro destaque em relação à inadimplência na Capital, conforme a economista, diz respeito ao perfil dos endividados. De acordo com ela, a maioria dos consumidores (26,85%) com dívidas em atraso concentra-se na faixa etária de 30 a 39 anos. Comparando com o mesmo mês dos anos anteriores, é possível constatar que os consumidores desta faixa etária lideram a inadimplência na cidade desde 2010.

"Trata-se de uma faixa etária bastante crítica, em que a maioria das pessoas já constituiu família e adquiriu novas obrigações financeiras, mas ainda não conta com estabilidade financeira elevada, já que a renda mensal nessa idade gira em torno de R$ 1.930", diz.
 

Cancelamentos - Diante do cenário de instabilidade econômica, o número de cancelamentos de registros, que ocorre quando as pessoas regularizam seus débitos junto ao SPC, caiu em todas as bases de comparação no sétimo mês deste exercício. Conforme os dados da CDLCDL-BH, em relação a junho o número de pagamento de dívidas em atraso na capital mineira apresentou queda de 2,64%.
 

Já frente ao mesmo período do ano passado, a recuperação de crédito dos belo-horizontinos caiu 1,43%. E no acumulado do ano, o declínio foi de 0,56%. "Com os juros altos e a inflação persistente, o consumidor teve mais dificuldade em organizar suas finanças e quitar seus débitos antigos", completa a economista.
 

Para os próximos meses, segundo ela, é possível que este cenário seja revertido, uma vez que as pessoas buscam a regularização de seus débitos para voltar a comprar a crédito. Além disso, as empresas criam melhores oportunidades de negociação para os inadimplentes. Fonte: Diário do Comércio