Exposição na Oca mostra objetos, esculturas e afrescos de uma civilização que viveu por mais de três mil anos. Confira também lugares no México onde ainda se pode sentir tais influências

Marlyana Tavares

Publicação:22/07/2014 04:00

O mundo maia "desembarcou" em São Paulo e lá fica até 24 de agosto, no Museu da Cidade (Oca), no Parque do Ibirapuera. Os visitantes podem conferir mais de 380 objetos, esculturas e afrescos de uma civilização que floresceu por mais de três mil anos em grande parte do nosso continente. Mayas: revelação de um tempo sem fim já foi mostrada no Palácio Nacional e, depois de São Paulo, segue para o Museu Quai Branly - Museu das Artes e Civilizações da África, Ásia, Oceania e Américas, em Paris.
A maior coleção referente ao assunto que já esteve no Brasil traduz e revela a abrangência cultural dos maias nos campos da arte, arquitetura, estudos astronômicos e matemáticos. "É a mais grandiosa e ambiciosa exposição de arte e arqueologia já realizada para uma civilização latino-americana. Ela reúne elementos que comprovam toda a complexidade dessa sociedade e seu desenvolvimento em importantes áreas do saber, como a habilidade que tiveram para entender os conceitos de tempo e espaço", explica José Enrique Ortiz Lanz, coordenador nacional de Museus e Exposições do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), do México.

A curadoria da mostra é de Mercedes de la Garza, professora emérita da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e de sua equipe de pesquisadores, em colaboração com o Conselho Nacional para a Cultura e as Artes (Conaculta). Além do INAH, realizam a exposição a Embaixada do México e a Prefeitura da Cidade de São Paulo.

Legado A civilização que não acreditava que a morte fosse o fim, mas foi relacionada à extinção do mundo (o calendário maia) produziu objetos de grande beleza e valor artístico para expressar suas crenças religiosas, além de arranjos políticos e sociais. Organizada de forma temática, a mostra tem, na seção introdutória, uma visão geral da área geográfica e dos grupos maias - que reúnem cerca de 30 etnias, cada uma com língua e expressividade próprias. Por meio de tecnologia interativa, o visitante situa as obras por região e principais cidades. Uma linha do tempo informa sobre os períodos cronológicos, da época pré-hispânica até hoje.

Além da introdução, oito áreas distintas, no subsolo do OCA, mostram o homem frente à natureza; comunidade e vida cotidiana; o coração das cidades; o homem diante do tempo e dos astros; as elites governantes e sua historiografia; as forças sagradas; o homem e os deuses: os rituais; e entrar no caminho: ritos funerários.

Os maias chegaram aos dias de hoje conservando suas línguas e conduzindo uma nova e rica cultura original, resultado das mudanças e das distintas significações adquiridas por seus costumes e crenças, que lhes deram nova identidade. Quem visita a exposição, pode compreender como o passado dessa civilização mescla-se com o México de hoje e o quanto se faz presente na cultura nacional.

Para evitar filas, prefira conferir a mostra em dias de semana. E aproveite para caminhar entre as alamedas do parque, um ícone de São Paulo.

Serviço

Mayas: revelação de um tempo sem fim
De terça a domingo das 9h às 17h.
Entrada franca
Museu da Cidade - OCA
Avenida Pedro Álvares Cabral,
s/n - Portão 3
Parque Ibirapuera/São Paulo
(11) 3241-1081 

Museu da Cidade (OCA)

Reunindo importantes coleções de Arquitetura, Artes Visuais, Imagem e Antropologia, o Museu da Cidade é a principal instituição da Prefeitura de São Paulo para difusão da memória. Seu acervo artístico, documental e iconográfico estabeleceu-se desde os anos 30, quando Mário de Andrade fundou o Departamento de Cultura. A OCA tornou-se, em 2014, a área central do Museu da Cidade, consolidando o Parque Ibirapuera como a maior praça de exposições da capital paulistana. 

saiba mais

herança Fisíca

Se ao visitar a exposição você ficar instigado a conhecer os locais de origem das peças, sugerimos cinco sítios arqueológicos no México onde, além de desvendar a civilização maia, dará de cara com muitas riquezas naturais:

Reserva Calakmul
Localizada em Campeche, é conhecida pela sua vista do "mar" verde. Em uma área de mais de 700 mil hectares, Calakmul conserva mais de 230 espécies de aves e cerca de 90 de mamíferos.

Tulum

Um verdadeiro paraíso histórico com uma combinação única de cultura e uma das mais bonitas praias mexicanas. Única zona da civilização à beira-mar, é um dos destinos mais visitados do México. Destaque para El Castillo, construção que funcionava como farol e que, em sua estrutura, tem uma vista fantástica do mar turquesa.

Uxmal

Em Yucatán, Uxmal é um sítio arqueológico marcado pela pedra de caliça rosada. Assim como Chichén Itzá, Uxmal foi muito importante para a civilização maia no século 7. Hoje é um dos pontos turísticos mais visitados do país pela sua boa conservação e a impressionante natureza que o rodeia. 

Chichén Itzá

Chichén Itzá é um destino único. Nomeada em 1988 Patrimônio da Humanidade pela Unesco e é uma das sete maravilhas do mundo. O templo de Kukulcan é principal destaque, mas a formação geológica cenote (acima) é de cair o queixo.

Palenque

Uma das mais importantes e belas cidades maias, Palenque é a casa, entre outras, do Templo das Inscrições. O prédio recebe esse nome por ter em seu interior a narrativa em hieróglifos da nobreza da cidade. Além dos templos, a cidade também tem como destaque seus campos de bola, esporte praticado pelos maias, e o aqueduto.