Carlos Plácido Teixeira

Imediatamente depois de você ter fechado a reserva para a sua próxima viagem a passeio, o sistema de informações do hotel varre a internet, buscando informações relacionadas ao seu perfil de interesses e comportamentos e de sua família. No Facebook, identifica seus esportes e suas predileções de lazer e gastronomia. Pelo Linkedin, fica sabendo qual sua formação profissional, onde já trabalhou e qual o perfil dos seus relacionamentos nos ambientes de negócio. E no Twitter levanta os comentários sobre lugares que andou visitando ultimamente, o que foi avaliado positivamente e negativamente. Pelo Instagram é possível analisar os lugares e imagens que atraem mais a sua atenção.

Mesmo com algum questionamento sobre os limites éticos do acesso a dados pessoais na internet, este será o cenário provável das tendências dos hotéis nos próximos anos. Especialistas do setor concordam que a hospedagem do futuro vai ser completamente personalizada. Desde a altura da cadeira e do espelho do banheiro, passando pela firmeza do colchão, temperatura ambiente e alternativas de passeios, todos os itens devem ser do agrado dos hóspedes a partir do momento em que eles entram no prédio onde estarão hospedados.

As dezenas de novos hotéis construídos em Belo Horizonte e em outras cidades brasileiras, como aposta no crescimento do turismo após a Copa do Mundo, devem entender os impactos da combinação da oferta de dados, associada à internet em todas as coisas. Inspirada pelo avanço da tecnologia e de pioneiros como a Amazon, a indústria de hospitalidade vai, segundo os estudos de mercado, usar informações acessíveis para criar uma experiência personalizada, semelhante à vivenciada no e-commerce, onde as ações dos consumidores geram conhecimentos que alimentam as estratégias.

Com sistemas de informação ativos, será possivel evitar casos como o relatado por Thomas Frey, editor de inovação da revista "Futurista". Ele teve uma surpresa ao mesmo tempo agradável e negativa ao entrar no quarto de um hotel onde ficaria hospedado, como convidado para a apresentação de uma palestra. Uma cesta de frutas e chocolates aguardava sua chegada, como um bom sinal de atenção com ele. O problema é que a combinação não era exatamente adequada para as restrições alimentares. "Que tipo de sistema de antecipação poderia ser criado para transmitir a um hotel as necessidades e preferências dos hóspedes que viajam, sem gerar uma longa discussão?", questiona o especialista.

Pessoal - Estudo sobre as perspectivas da hotelaria em 2020, elaborado pela Amadeus, uma empresa de tecnologia com o foco em soluções para o setor de turismo, reforça a previsão de que o hotel do futuro será mais pessoal, conectado e responsivo. E menos dependente de gente. Com a ascensão de demandas de serviços e mudanças nos requisitos de hóspedes, é provável que o mercado começará a ver hotéis que servem para várias necessidades e demandas. A lista de inovações vai envolver coisas como móveis inteligentes, ambientes de sala de adaptação de interesses, entretenimento direcionado, nutrição individualizada e "controle do pensamento" dos sistemas e aparelhos de hóspedes.

Um outro levantamento, realizado pelo site Success Ful Meetings, destaca mais casos de inovações que ganham a dimensão de tendência consolidada. No Yotel New York, um braço robótico imponente leva e armazena a bagagem dos hóspedes em caixas com código de barras. O Nine Zero Hotel, em Boston, utiliza a tecnologia de escaneamento de íris para abrir a porta de sua suíte presidencial, enquanto o Hotel Eclat em Taipei, Taiwan, tem banheiros com tampas que se abrem automaticamente.

Especialistas convergem para a percepção de que o hotel do futuro sequer terá uma recepção tradicional, daquelas em que pessoas ficam atrás de um balcão, conferindo quem entra e sai e entregando chaves. O check-in tradicional vai morrer, pois o celular pode ser a chave para o acesso ao quarto. "A experiência do hotel está mudando. E o futuro será mais rápido do que você pensa", destaca o site.