Entidades empresariais entregaram pesquisa com o mapeamento do comércio ao Legislativo no início do ano passado e ainda esperam ações de melhoria. Prefeitura diz que há dois anos estuda uma solução FOTO: Jack Zalcman

A CDLCDL-GV diz que a construção do camelódromo seria uma forma de pôr fim a uma concorrência desleal para o comerciante, que paga impostos e tem despesas com o ponto de comércio por ROSANE SANTIAGO
rosane@drd.com.brGOVERNADOR VALADARES -

Mais de um ano após representantes de diversas entidades empresariais de Governador Valadares terem se reunido com a prefeita Elisa Costa (PT) e entregado uma pesquisa com o mapeamento que envolve o comércio informal na região central de Valadares, segundo as entidades, nenhuma obra de melhoria de fato foi feita ou uma atitude tomada, a não ser promessas de que foram iniciados estudos para viabilizar algumas melhorias. Na pesquisa consta que dos 282 camelôs entrevistados, cerca de 60% são a favor da construção de um camelódromo que beneficie a todos, desde que seja na região central.

Segundo informações da época, março do ano passado, a prefeita Elisa avaliou a atitude das entidades como positiva e disse que seria feita uma discussão com os camelôs e depois pensaria em um projeto para beneficiá-los. Como nada de concreto foi feito durante esse tempo, as reclamações e cobranças aumentaram para que atitudes fossem tomadas para solucionar o problema. "Acreditamos que essa deveria ser uma prioridade do município, mas o que percebemos é uma falta de interesse em resolver o caso. Sabemos que todo mundo precisa trabalhar para sustentar suas famílias, mas a construção do camelódromo seria uma forma de organizar o comércio, desobstruir e ordenar as calçadas. É uma concorrência desleal para o comerciante, que trabalha, paga impostos, faz a emissão do cupom fiscal e tem todas as despesas com seu ponto de comércio. Fazer um camelódromo com organização e que todos os camelôs sejam beneficiados é uma forma de resolver a questão, mas até o momento não vejo perspectiva de nada. E também não acredito que o governo fará alguma coisa", disse o presidente da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Governador Valadares (CDLCDL/GV), Dênis Ribeiro Leite.

A iniciativa de encomendar a pesquisa foi do Sindicato do Comércio de Governador Valadares (Sindicomércio), com apoio da CDLCDL, Fiemg e Associação Comercial. O objetivo foi conhecer quantos e quem são os trabalhadores informais em atividade no comércio no centro da cidade, mensurar a dimensão econômica e histórica do trabalho informal em Valadares, caracterizar as atividades do comércio praticadas informalmente e buscar melhorias para esses trabalhadores. Para o presidente do Sindicomércio, Hercílio Diniz Filho, providências também deveriam ter sido tomadas.

"Há anos que isso é promessa e nada. Sempre escutamos que alguma coisa será feita e ninguém faz nada. Esperávamos que essa questão dos camelôs fosse prioridade e não foi. Sabemos das necessidades que cada um tem, por isso não queremos prejudicar ninguém; pelo contrário, queremos que todos sejam beneficiados: camelôs, comerciantes e toda a comunidade valadarense", ressaltou.

PREFEITURA DIZ QUE É PRIORIDADE

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE, o secretário de Planejamento, Wellington Moreira Azevedo, afirmou que um estudo foi iniciado para solucionar o problema. "Já estamos há quase dois anos trabalhando nisso. Iniciamos um estudo para viabilizar a construção do camelódromo. Esperamos que até o fim do ano possamos apresentar a proposta a toda a sociedade valadarense para que todos sejam beneficiados". Ainda de acordo com o secretário, quando a pesquisa foi recebida, o município já tinha o seu levantamento, que é compatível com os dados apresentados pelas entidades empresariais, e que já existia um projeto para a construção do camelódromo - o shopping popular. "Nós temos 157 ambulantes que possuem alvará e outros têm o direito adquirido. Não tem como tirar um ambulante que está na calçada há 6, 8 ou 9 anos; no mínimo temos que considerá-lo. Temos trabalhado para buscar alternativas para eles, e uma dessas alternativas realmente é o camelódromo, o shopping popular. E já havia uma conversa e um projeto esboçado do secretário anterior, prof. Jaider Batista. E por vários motivos, que não quero expressá-los, nós não conseguimos ir em frente com o projeto, mas essa é uma prioridade da prefeita e nós vamos trabalhar para que isso seja realizado", finalizou Azevedo.

CAMELÔS

Apesar do resultado da pesquisa e das informações da prefeitura, o presidente da Associação dos Camelôs em Valadares, Hércules Dias da Silva, espera atitudes da prefeitura e afirma que a classe é contra a construção do camelódromo em outra região que não seja no centro da cidade. "Para nós, o camelódromo teria que ser onde hoje é a rodoviária. Nós já nos reunimos diversas vezes com a prefeitura e eles já disseram isso pra gente. Pensamos que ali também deveria ser o ponto final dos ônibus da Valadarense. Esperamos que alguma coisa seja feita, e ninguém faz nada. Nós só queremos fazer o nosso trabalho", argumentou. 

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