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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 29-05-2014 - 10:48 -   Notícia original Link para notícia
Número de empresas abertas em Minas tem queda de 17,5% em relação a 2013

Número de empreendimentos inaugurados de janeiro a abril foi 17,5% menor que os 16.904 que iniciaram atividades em igual período de 2013. Desaceleração foi a causa


Francelle Marzano


Paulo Henrique Lobato -


Publicação: 29/05/2014 06:00 Atualização: 29/05/2014 07:40


Marco Antônio Gaspar desistiu de abrir 20 unidades de menor porte da rede de papelarias: ímpeto de empreendedores está em quedaO empresário Marco Antônio Gaspar, sócio da papelaria Brasilusa, havia planejado abrir cerca de 20 microlojas em Belo Horizonte com o conceito express (atendimento em pequenos centros comerciais), mas abortou a ideia depois de constatar que a economia nacional cresce num ritmo menor do que o do período pré-crise, de 2008. "Quando a economia avança menos, o ímpeto do empreendedor cai", lamentou o comerciante. A decisão dele ilustra bem uma pesquisa elaborada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT): o número de empresas abertas em Minas Gerais caiu pela terceira vez consecutiva no primeiro quadrimestre no confronto com igual período do ano anterior.

De janeiro a abril, 13.948 empreendimentos abriram as portas no estado. Este número é 17,5% menor do que o registrado em igual período de 2013 (16.904 empresas), que, por sua vez, é 7,8% inferior ao apurado no primeiro quadrimestre de 2012 (18.339 registros). Este último foi 3,6% menor do que o de 2011 (19.032 empreendimentos). A média nacional também constatou três quedas consecutivas de, respectivamente, 12,5%, 8,1% e 7,9%. Para se ter ideia, em 2011 foram abertas 212.033 empresas no país. Em 2012, 195.246. Em 2013, 179.400. Neste ano, 157.561.


"As informações indicam uma desaceleração da economia, uma vez que apontaram menor disposição do empreendedor brasileiro de correr riscos ao abrir novos empreendimentos no Brasil. Essa queda na geração de novos negócios é preocupante. O mercado está acreditando que o ambiente não está propício para novos negócios. É uma conjuntura econômica geral", disse o presidente do conselho superior e coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, que também é advogado tributarista.

O bacharel não está muito otimista com o que vem por aí. "Vemos uma tendência pior para o ano que vem". Ele explica que, com exceção de Alagoas, todos os estados apuraram desaceleração no indicador. "(As quedas) não são regionalizadas. Para mudar (o cenário), depende de políticas macroeconômicas", destacou o especialista.


Marco Antônio, o sócio da Brasilusa, torce para que novos ventos passem a nortear a economia nacional. Ele conta com cinco lojas na capital, mas há possibilidade de uma delas fechar as portas. "Há duas unidades na mesma região. As vendas não estão como antes. Poderemos transferir uma para outra região ou até mesmo fechar", lamentou o empresário, que deixou de gerar de 40 a 60 empregos com a decisão de suspender as microlojas que seriam montadas em pequenos centros comerciais. "Cada uma teria de dois a três colaboradores", conta Marco Antônio, que também é diretor da de BH (-BH).

Varejo lidera


O comércio em Minas Gerais, aliás, recebeu 4.616 empresas novas no primeiro quadrimestre, atrás apenas do segmento de serviços (7.841). O levantamento mostra ainda que, das 13.948 empresas abertas no primeiro quadrimestre no estado, 3.270 estão na capital mineira, onde também houve recuo em relação a igual confronto com 2013, quando foram registrados 3.537 empreendimentos. Este número também é menor do que o apurado nos primeiros quatro meses de 2012 (4.021 empresas).

A capital mineira é a quarta cidade com o maior número de empreendimentos abertos no primeiro quadrimestre do ano, atrás de São Paulo (20.026 empresas), Rio de Janeiro (5.306) e Brasília (3.112). O estudo não leva em conta as empresas sem fins lucrativos e os chamados microempreendedores individuais (MEI's), categoria criada há cinco anos para estimular quem trabalha na informalidade a migrar para a formalidade. Os MEI's desembolsam cerca de R$ 40 mensais, dependendo da atividade, e têm como benefício o direito à aposentadoria, auxílio-doença, auxílio-maternidade, entre outros. A contrapartida é ter um faturamento annal de no máximo R$ 60 mil.

Multidão


Em Minas, segundo o Sebrae local, os microempreendedores individuais somam cerca de 350 mil homens e mulheres. Destes, 12% empregam uma pessoa - cada microempreendedor tem direito a um colaborador. O total de empresas no estado, quando incluídos os MEI's e as empresas sem fim lucrativo, somou 1.731.587 unidades até 20 de maio, segundo o Empresômetro, um site criado pelo IBPT para combinar e divulgar estatísticas que possam orientar investimento de recursos em todas as cidades do país.

O balanço atual de empresas em atividade em Minas Gerais, se comparado à estatística fechada em 31 de dezembro de 2013, revela que 78.676 CNPJ's foram abertos entre 1º de janeiro e 20 de maio de 2014 - 561,9 registros por dia. O número é maior do que a média diária no acumulado do exercício anterior: 531,2.

Reflexo no desemprego

A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) aumentou, passando dos 8,3% registrados em março para 8,7% em abril. Os números são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-RMBH), divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), pela Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), pelo Dieese e pela Fundação Seade. A alta foi proporcionada pela diminuição do contigente de ocupados, 31 mil, e do número de pessoas que participam do mercado de trabalho.

O coordenador técnico da pesquisa pela FJP, Plínio Campos, afirma que o resultado não foi surpresa, uma vez que nos primeiros meses do ano o consumo é reduzido pela população, que se preocupa em pagar taxas e impostos, causando o impacto no mercado de trabalho. "O aumento do desemprego já era esperado. É resultado da desaceleração da economia no primeiro trimestre, em que tivemos uma oferta de vagas letárgica", completa. Ainda de acordo com Plínio, a redução do contigente de ocupados (-31 mil), aliada à diminuição (-23 mil) da População Economicamente Ativa (PEA), resultou em um aumento de 8 mil no contingente de desempregados.

A pesquisa aponta que o único setor onde houve aumento de ocupações foi no da indústria de transformação, que gerou 16 mil novas vagas. Todos os outros segmentos apresentaram redução, sendo o de serviços o mais afetado, com baixa de 28 mil. Em seguida aparecem os setores de comércio e reparação de veículos, com queda de 11 mil ocupações e a construção, com menos 5 mil.

Houve também diminuição de postos de trabalhos no setor privado, 33 mil, levando a retração de 2,1% no número de assalariados com registro em carteira e de 6,8% no volume de trabalhadores sem carteira assinada. Outro fator apontado na pesquisa foi a redução do contingente de empregados domésticos de 5,6%. Já para os trabalhadores autônomos houve acréscimo de 15 mil postos, uma alta de 4,3%.



Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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