Daniela Maciel

Poços de Caldas tem 51 hotéis e 6 pousadas, que totalizam 9 mil leitos/Daniela Maciel

Discutir os rumos da hotelaria mineira, assim como as oportunidades e principais desafios, foi a tônica do 9º Encontro da Hotelaria Mineira, que aconteceu em Poços de Caldas, na região Sul, nos dias 9 e 10 de maio. A escassez de mão de obra, o turista cada vez mais exigente, novos canais de venda e de relacionamento e o papel da governança em um mercado cada vez mais competitivo foram debatidos com uma plateia que ocupou o Centro Cultural da Urca. O evento foi promovido pela Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).

O gerente de hospedagem do Ramada Encore Minascasa, Sady Viana, chamou atenção para a questão do treinamento. O alto índice de turnover é um problema que atormenta empreendimentos de todos os portes. "Eventos como este - 9º Encontro da Hotelaria Mineira - são sempre muito importantes, porque a gente precisa sempre se atualizar, principalmente pensando na falta de mão de obra atual. � uma luta diária formar um recepcionista e ele deixar a empresa logo depois. Então, aqui a gente consegue pegar o maior número de pessoas e passar informações que não circulam no dia a dia. � importante principalmente estar no interior, em cidades turísticas que muitas vezes deixadas de lado", explica Viana.

Para ele, o bom atendimento é uma obrigação, mas pouco adianta se a cidade não estiver preparada para receber o turista. "Toda a cidade tem que estar preparada para prestar um bom serviço. Devemos pensar: o turista volta só por causa de um bom hotel? Ou só por causa de um bom restaurante? Não. Ele volta porque o destino é bom. Porque ele teve um atendimento completo", ensina o gerente.

Na cidade (Poços de Caldas) com 51 hotéis e 6 pousadas, que totalizam 9 mil leitos, a fundadora da Associação Brasileira de Governantas e Profissionais de Hotelaria (ABG) e consultora, Maria José Dantas, chamou a atenção para a necessidade dE os empreendedores compreenderem que a governança é feita por pessoas e para pessoas. "Precisamos de quem tem conhecimentos sobre pessoas e com foco no resultado. As camareiras precisam de suporte full time porque são elas a linha de frente. Devemos lembrar que o negócio dos hotéis é a hospedagem. Restaurantes, espaços de eventos e outros serviços são acessórios", alerta Maria José Dantas.

Independência - Liderando a gerência de hospitalidade do Ouro Minas Palace Hotel, na região Nordeste, Augusto Novaes, levou o tema "Nunca foi tão bom ser um hotel independente". Diante de um novo cenário, em que as grandes redes, inclusive as internacionais, avançam sobre o mercado mineiro, o executivo realçou oportunidades e desafios para quem não "exibe" uma bandeira. Como vantagens principais ele listou o controle do negócio com menor grau de burocratização, atendimento exclusivo e criação de marca. Já os maiores desafios nos custos mais altos e dificuldades de financiamento e a marca ainda desconhecida.

Para ele, a Copa do Mundo Fifa pode ser um divisor de águas. "Quem atualizou as estruturas, os serviços, quem preparou o pessoal vai se dar bem nesse processo. Aqueles que entrarem no jogo achando que a demanda vai suprir a oferta, que vai "bombar", não vão resistir. Quando acabar o período de Copa, nós voltamos à nossa realidade. Belo Horizonte ainda não é uma cidade preparada para receber eventos. A capacidade hoteleira da cidade depende de eventos e do corporativo. Então para aumentar a demanda e distribuir isso para essa oferta toda que está entrando no mercado, precisamos trazer eventos para a cidade. Isso não será resolvido à curto prazo e não vemos nenhuma movimentação quanto a esse respeito. A curto prazo pra quem não se preparou o cenário não é favorável", avalia Novaes.