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DCI - Online ( Serviço ) - SP - Brasil - 08-05-2014 - 00:00 -   Notícia original Link para notícia
Cidade pequena atrai grandes redes de hotel

Roberto Dumke


SÃO PAULO


O município de Não-Me-Toque (RS), com 17 mil habitantes, mas cuja economia cresce 10% ao ano, é um exemplo do tipo de localização que as grandes redes hoteleiras têm procurado para expandir. A cidade gaúcha inaugura este ano um Ibis Budget, bandeira de baixo custo do grupo Accor, com 96 quartos e investimento estimado em R$ 9,6 milhões. 


O objetivo dos grupos hoteleiros é achar alternativas para a expansão fora dos grandes centros, principalmente por causa dos preços dos terrenos. Em São Paulo, por exemplo, o preço dos imóveis triplicou em seis anos, segundo o índice Fipe Zap. No Rio de Janeiro, os preços subiram 3,5 vezes. No mesmo período, a inflação oficial ficou em 40%. 


Nesse raciocínio de fugir das capitais, mapeamento feito pela consultoria Horwath HTL identificou que no Brasil existem pelo menos 260 cidades secundárias e terciárias com grande potencial de desenvolvimento hoteleiro. São municípios com população de 80 mil a 1 milhão de habitantes e com expansão econômica acima de 10% nos últimos oito anos. 


Dos 260 centros, 68% (177) não possuem hotéis com bandeira, quer dizer, filiados às grandes redes. A oferta hoteleira nesses locais consiste em empreendimentos de menos de 60 apartamentos e idade superior a 20 anos. Além disso, são de administração e propriedade familiar. 


Mesmo nos outros 32% (83) das cidades selecionados pela pesquisa, onde já existe hotel de bandeira, pode haver potencial para mais um empreendimento. "Existe um nível extraordinário de oportunidade. E em muitas cidades, cabem até dois hotéis", diz o diretor da Horwath HTL, Michael Schnürle. 


Ele também afirma que uma vez que o hotel de bandeira entra numa praça que contava apenas com estruturas familiares o mercado muda. O primeiro reflexo é a queda dos preços. Em seguida, surgem tentativas de reposicionamento dos hotéis tradicionais. "Mas não acredito nessa capacidade de transformação. A tendência é que os antigos fechem." 


Na visão de José Ernesto Marino, presidente da consultoria BSH International, o que possibilita a expansão hoteleira nas cidades pequenas é o desempenho dos negócios, que crescem em "taxas chinesas" em certos polos. "Em todo o País há cidades desse tipo, mas especialmente no sudeste, centro-oeste e nordeste." 


Segundo a BSH, entre 2013 e 2016 serão abertos 422 hotéis, dos quais 59% estarão no Sudeste. As categorias econômico (37%) e midscale (36%) representam a maior parte dessa oferta. Os grupos com maior número de inaugurações são Accor (101), Atlantica (56), Allia (49), InterCity (29), Vert (24) e BHG (22). 


No caso da Accor, segundo o diretor de desenvolvimento Eduardo Camargo, metade dos novos hotéis está em cidades menores. Segundo ele, há contratos firmados para abrir 150 hotéis até 2017. Quer dizer, 75 deles estão fora dos grandes centros. "São estruturas de 80 a 100 quartos, de categoria econômica." Hoje, o grupo opera 200 hotéis no Brasil. 


A Accor também tem investido na conversão dos hotéis tradicionais para a bandeira Ibis Style, especialmente na medida em que as estruturas familiares têm dificuldades de se adaptar à concorrência das redes. Seja na conversão ou na inauguração de novas estruturas, Camargo diz que não "não há dificuldades" em encontrar investidores. O modelo de condo-hotel, em que os quartos são vendidos como imóveis e então cedidos para a operação hoteleira, é o mais comum. 


A Slaviero Hotéis, por sua vez, possui cerca de um terço de sua nova oferta de hotéis em cidades secundárias - são 11 contratos, de um total de 32. Para o diretor da rede, Eduardo Slaviero, o interior é um desafio maior do que as capitais na medida em que é mais difícil qualificar profissionais. 


A InterCity, que acrescentará 30 hotéis até 2017, também terá cerca de metade de seus novos empreendimentos fora das capitais. Na visão do diretor de desenvolvimento, Sérgio Bueno, a proporção entre interior e capitais deve se manter. "No passado, praticamente todo o investimento hoteleiro era nos grandes centros. Mas nos últimos anos esse equilíbrio de estabeleceu." 


Ele também diz que a expansão hoteleira no interior é sempre orientada por alguma motivação econômica forte. Montes Claros (MG), por exemplo, que receberá uma unidade da InterCity, é um centro regional que reúne comércio, universidades, hospitais e estrutura judiciária. Vinhedo (SP), que também terá um hotel, possui centro industrial, com alta demanda por hospedagem.


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