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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 07-05-2014 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Puxadinho só para bacana

Terminal provisório que ampliaria capacidade do aeroporto de Confins em 3,9 milhões de passageiros ao ano vai ser subutilizado durante a Copa por atrasos na conclusão das obras


Pedro Rocha Franco



Depois de confirmar que as obras do terminal de passageiros e da pista de pouso do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, não seriam entregues até a Copa do Mundo, o superintendente regional da Infraero, Silvério Gonçalves, disse ontem que o terminal provisório erguido para a Copa do Mundo será subutilizado durante o torneio. Devido ao atraso na entrega, o "puxadinho" não será usado para receber passageiros de voos comerciais, ficando disponível somente para aviões executivos vindos do exterior. Com isso, sem o apoio do terminal, durante o evento esportivo o aeroporto funcionará próximo de seu limite operacional.

As obras do aeroporto de Confins estão divididas em quatro eixos: terminal de passageiros, pista de pouso, pátio de aeronaves e terminal provisório. Apenas dois deles serão entregues até a Copa do Mundo. A pista de pouso e o terminal de passageiros ficarão para o segundo semestre. Os outros dois têm entrega prevista para 31 de maio, informou o superintendente em audiência pública da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude da Assembleia Legislativa. 

O terminal provisório, previsto para ser entregue em março, ficará pronto 13 dias antes de a bola rolar pela competição. Com isso, não haverá tempo suficiente para testar sua operação com voos comerciais. A tendência é que a Azul receba todos os seus passageiros lá depois da Copa do Mundo. O tema será debatido com a concessionária. Durante o evento, aproveitando que o aeroporto internacional possui a estrutura alfandegária e unidade da Polícia Federal, o terminal provisório será usado para os voos executivos internacionais, enquanto a Pampulha vai receber os voos executivos com rotas nacionais. "O terminal 3 ficará pronto no dia 31. Só não vamos processar passageiros. Só aviação geral internacional (nomenclatura técnica). Por exemplo, um voo executivo de um torcedor vindo da Europa", diz o superintendente. 

A ampliação do terminal de passageiros anda a passos lentos. Iniciada em setembro de 2011, apenas 49% foram executados. Depois de longo embate sobre o andamento, a Infraero dividiu a obra em duas fases: escopo Copa e pós-Copa. A primeira deveria ser entregue até abril, mas foi adiada para 31 de maio. A etapa representa cerca de 55% do orçamento total. A outra é prevista para agosto. Até o evento, o terminal terá capacidade para receber 11 milhões de passageiros por ano, ante os 10,2 milhões atuais. No ano passado, 10,3 milhões de pessoas foram por Confins. 

Entre as ações que não ficarão prontas estão a entrega de três dos oito elevadores previstos; o setor de embarque e desembarque internacional, que não passará por mudanças; o piso e o forro da sala de embarque, que não serão alterados; e as mudanças no subsolo (estação de tratamento de água e obras de apoio mecânicas e elétricas), que não serão feitas.

Com o atraso das reformas, o teste operacional da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República e os dois da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) serão feitos antes de as obras serem entregues, nos dias 13, 20 e 21, respectivamente.

VOOS NEGADOS O atraso na obra do pátio de aeronaves interfere também na ampliação do número de voos, segundo a Infraero. A Azul, por exemplo, requisitou a criação de novas rotas para o interior de Minas Gerais, mas os pedidos foram negados. A companhia aérea solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a criação de uma rota diária entre Araxá, Confins e Uberaba, além do aumento da frequência para Ipatinga. "A nova data de início ainda depende da aprovação da administração de Confins para as novas operações solicitadas", diz trecho de nota da Azul.

Segundo o superitendente da Regional Sudeste, Silvério Gonçalves, "isso tem, sim, relação com a situação atual". Outro fator, segundo ele, é a concessão do aeroporto, que fez com que o governo federal bloqueasse parte dos novos pedidos de voos para discussão em conjunto com as empresas. 

Não bastassem as consequências do atraso para a operação do aeroporto, a lentidão resulta em aumento de custo. A obra do terminal de passageiros, iniciada em setembro de 2011, deveria ser entregue em dezembro. Como não o foi, a Infraero assinou dois contratos aditivos para prorrogar o prazo de execução. O primeiro foi assinado em maio do ano passado. A data limite foi alongada de 2 de janeiro para 24 de abril, ao custo de R$ 500 mil. Na última semana de janeiro, a Infraero assinou o segundo termo aditivo, no valor de R$ 17,3 milhões. O prazo de entrega da obra foi prorrogado por mais 125 dias. Com isso, o total a ser gasto subiu de R$ 223,9 milhões para R$ 241,7 milhões, alta de 7,94% em relação ao valor inicial.

Aos deputados, durante a vistoria feita ontem no aeroporto antes da audiência, o superintendente regional da Infraero, Silvério Gonçalves, atribuiu os atrasos a problemas com fornecedores e parceiros. "O que estava previsto não será cumprido, tendo em vista que as dificuldades são sistêmicas e, muitas vezes, fogem à nossa vontade", disse ele durante a vistoria.


 


Projetos para os regionais


O governo federal contratou o consórcio Concremat-Themag para elaboração de estudos de 29 aeroportos regionais em 16 estados administrados pela Infraero, incluindo três terminais mineiros - Uberaba, Uberlândia e Montes Claros. A medida antecede a fase de obras. O consórcio deve avaliar cada aeroporto e elaborar quatro cenários possíveis para a unidade. 

As propostas serão encaminhadas para a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, que deve aprovar uma delas e dar início ao estudo de viabilidade técnica. Depois disso, será feita nova licitação para contratação das obras.

Em visita ao aeroporto de Uberlândia, há duas semanas, o ministro Moreira Franco soube detalhes do plano diretor do terminal. O projeto prevê 12 pontes de embarque, 36 posições de estacionamento de aeronaves, hotel e centro de convenções. Ao todo, seriam necessários R$ 401 milhões para executar o plano completo. O consórcio contratado pela Secretaria de Aviação Civil, no entanto, deve analisá-lo para definir o que deve sair do papel. O terminal é o segundo mais movimentado do estado. No ano passado, 1,13 milhão de passageiros passaram por lá. Montes Claros e Uberaba receberam 327 mil e 147 mil passageirso, respectivamente.

Entre as inovações previstas para Uberlândia está a integração entre o transporte de cargas do terminal e os sistemas ferroviário e rodoviário. "A distribuição comercial, principalmente daquilo que vem da Zona Franca de Manaus, precisa da aviação. Com essa expansão e integração do aeroporto de Uberlândia, haverá ganho econômico, não apenas com o aumento de circulação de pessoas, mas principalmente com o transporte de cargas", afirmou o ministro durante a visita.

NORTE Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Montes Claros, Reinaldo Landulfo Teixeira, a ampliação do Aeroporto Mário Ribeiro, além de facilitar o fluxo de pessoas, permite agilizar o fluxo de carga não só da cidade, mas de todo o Norte de Minas. "Imagine as frutas do Jaíba saindo daqui de avião. Seria muito melhor. É um produto perecível, perde qualidade", afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico, Reinaldo Teixeira.

A previsão do governo federal é que sejam investidos R$ 7,3 bilhões na ampliação de 270 aeroportos regionais em todo o país. A proposta é integrar a malha aérea, permitindo que 95% da população tenha um aeroporto disponível a, no máximo, 100 quilômetros de distância. Em Minas, estão 33 do total, incluindo a construção de uma unidade em Glaura, distrito de Ouro Preto. Até o mês passado, 117 estudos de viabilidade foram enviados ao Banco do Brasil para análise - o banco é responsável pelas contratações das empresas que vão modernizar os terminais espalhados pelo Brasil. 

Nas próximas semanas, o Palácio do Planalto deve apresentar o programa de subsídios para a aviação regional. O assunto permanece em debate com as companhias aéreas. A ideia é reduzir a incidência de impostos sobre o querosene de aviação para permitir que os preços das passagens se aproximem dos de ônibus. O insumo representa cerca de 40% dos custos do transporte. (PRF)


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