O típico ceviche, peixe cru marinado no suco de limão, cebola e pimenta, é o protagonista de uma verdadeira revolução gastronômica que vem ocorrendo nos últimos tempos no país

LIMA - De fora é uma casa comum no distrito de La Victoria, um bairro modesto de Lima. Um portão de aço esconde o que há lá dentro: uma simples residência ou um estabelecimento comercial? Na verdade, são os dois. Essa é a primeira impressão que se tem quando se chega ao Chez Wong, um pequeno restaurante contíguo à casa do seu chef, o premiadíssimo Javier Wong, por fazer o melhor ceviche do mundo, segundo a nata da crítica gastronômica.

O ceviche, peixe cru marinado no suco de limão, cebola e pimenta, prato típico e aparentemente simples, é o protagonista de uma verdadeira revolução gastronômica que vem ocorrendo nos últimos tempos no país, impulsionada pela melhora da economia, pelo avanço da classe média e pela diversidade de produtos agrícolas.

A gastronomia peruana ganhou dimensão internacional. A comida tem atraído uma multidão de turistas que não só vão a Cuzco e Machu Picchu, mas fazem a rota dos restaurantes, cerca de 100 mil, a maioria em Lima, a capital gastronômica da América Latina. Só no ano passado, o Peru recebeu 3,1 milhões de turistas, segundo o Ministério de Comércio Exterior e Turismo, que deixaram no país US$ 3,9 bilhões. É quase o triplo de visitantes de dez anos atrás e 11% mais do que em 2012. Mais da metade é da América do Sul, seguida pelos EUA e Europa.

Segundo a Câmara Nacional de Turismo do Peru, cada turista gasta US$ 21 por dia só com comida. A cada ano, 15 mil cozinheiros são formados nas escolas de gastronomia peruanas e cerca de 5,5 milhões de pessoas se beneficiam direta e indiretamente desse setor, levando-se em conta toda a cadeia: da produção dos ingredientes até servir o prato na mesa do restaurante. Em 2013, os setores hoteleiro e de restaurantes cresceram 9% e 6%, respectivamente, e superaram o desempenho do PIB para o período (5%).