Leitura de notícia
Folha de São Paulo Online ( Cotidiano ) - SP - Brasil - 03-05-2014 - 10:48 -   Notícia original Link para notícia
Passaredo lidera ranking de atrasos em voos no país

Três de cada 10 trechos da aérea não foram pontuais nos últimos 12 meses


Para especialista, atrasos são gerados pelo clima ou problemas com avião e tripulação; empresa não comenta


CAMILA TURTELLI


DE RIBEIRÃO PRETO


A Passaredo, companhia aérea com sede em Ribeirão Preto, é a campeã de atrasos entre as empresas do setor no país nos últimos 12 meses.


O índice de voos realizados com atraso pela empresa chega a 29% no acumulado do período, enquanto o total das outras companhias é de 10%.


Os dados são referentes aos voos com atrasos superiores a 30 minutos divulgados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).


Em março, o atraso foi ainda superior à média: 35% dos voos realizados --528, de um total de 1.499-- não apresentaram pontualidade.


Procurada, a Passaredo não respondeu aos questionamentos da Folha. Anteriormente, a aérea respondeu que teve problema mecânico em uma aeronave, o que motivou um atraso específico.


No mesmo mês de março, a Sete Linhas Aéreas --sediada em Goiânia (GO) e que atende localidades das regiões Centro-Oeste e Norte do país-- atrasou 16% dos seus voos realizados.


A TAM registrou um índice de 9%, seguida por Azul e Gol, com 6% cada uma, e Avianca Brasil, 2%.


Os atrasos nos voos programados podem ser, de acordo com especialistas, provocados por adversidades no clima, problemas mecânicos com aeronaves ou também entraves com a tripulação.


Segundo o professor de engenharia aeronáutica da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos James Rojas Waterhouse, apenas 1% dos atrasos, no entanto, estão relacionados a problemas ligados a condições climáticas.


No último dia 25 de abril, a Passaredo, que enfrenta um processo de recuperação judicial após declarar dívidas de R$ 100 milhões, deixou 12 passageiros no aeroporto de Guarulhos e voou com o avião parcialmente vazio numa viagem noturna com destino a Ribeirão Preto.


O voo 2260 estava com saída prevista para 22h30, mas partiu somente à 1h20, chegando com parte das poltronas vazias. Bagagens também foram deixadas para trás.


No início do mês, a Folha revelou que a empresa, para conseguir economizar combustível, adotou um procedimento de deixar para trás algumas bagagens.


O problema foi verificado entre Guarulhos e Vitória da Conquista (BA), neste ano.


As bagagens foram deixadas porque a aérea não está abastecendo aviões em Vitória da Conquista, o que a obriga a carregar mais combustível no avião para conseguir chegar até Salvador (BA), etapa seguinte do voo.


Funcionários dizem que isso ocorre porque a Passaredo tem dívidas com uma distribuidora de combustíveis --a empresa não confirma.


EXCESSO


Para o docente da USP de São Carlos, as companhias sobrecarregam sua capacidade de voo para aumentar a rentabilidade e, com isso, prejudicam o fluxo aéreo.


"Avião no chão é sinal de prejuízo [à companhia]."


Sendo assim, as empresas agendam, para uma mesma aeronave, viagens sequenciais com intervalos curtos.


"Quando uma viagem atrasa no início do dia, ocorre um efeito dominó para vários outros trechos agendados."




OUTRO LADO


Procurada, aérea não comenta o assunto


DE RIBEIRÃO PRETO


Questionada sobre o alto índice de atrasos em seus voos nos últimos 12 meses, a Passaredo não comentou.


A assessoria de imprensa da companhia aérea foi procurada durante três dias, por telefone e e-mail. No entanto, até ontem não respondeu aos pedidos de informações.


No dia 25 de abril, quando 12 passageiros foram deixados no aeroporto de Guarulhos pela companhia, a empresa havia alegado um problema mecânico.


A Passaredo informou que a aeronave sofreu "redução de performance e por motivos técnicos a empresa seguiu as normas regulamentares, reduzindo o peso a bordo para garantir a segurança do voo".


Já a Gol informou que alterações de horários de voos e cancelamentos são procedimentos, embora indesejados, às vezes necessários em operações aéreas por diversos fatores. Entre eles, meteorologia, manutenção corretiva, infraestrutura aeroportuária e cliente com bagagem fora do padrão, entre outros.


A empresa informou ainda que medidas são tomadas para acomodar passageiros que enfrentam os atrasos.


A TAM, por sua vez, afirmou que a companhia opera uma média diária de 600 voos domésticos, com índice de pontualidade de 83,6%.


A empresa disse, no entanto, que a mudança do espaço aéreo realizada no segundo semestre de 2013 impactou na pontualidade da companhia, assim como as reformas nos aeroportos do país realizadas nos últimos meses.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.