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Folha de São Paulo Online ( Mercado ) - SP - Brasil - 02-05-2014 - 08:33 -   Notícia original Link para notícia
Alta de juros traz entrada recorde de estrangeiros em renda fixa

Foram US$ 11,6 bi de investimentos no primeiro trimestre, maior volume para esse período


A alta de juros no Brasil nos últimos meses levou o país a voltar a atrair forte ingresso de capital estrangeiro.


No primeiro trimestre deste ano, os recursos de fora investidos em renda fixa (principalmente títulos do Tesouro Nacional) somaram US$ 11,6 bilhões, um recorde para esse período.


É também o segundo maior montante já registrado para um trimestre, perdendo apenas para o período entre julho e setembro de 2013.


Essa entrada de dinheiro foi fundamental para ajudar a cobrir o maior rombo nas transações correntes do país com o exterior, que somou US$ 25,2 bilhões no primeiro trimestre. A conta inclui o saldo negativo de exportações menos importações.


No entanto, analistas ressaltam que, como esse fluxo de capitais não tem sido atraído por uma melhor percepção das perspectivas da economia, pode ser volátil.


Os investimentos estrangeiros em ações, que costumam refletir apostas no vigor econômico de um país, somaram apenas US$ 319 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante US$ 7,1 bilhões no mesmo período de 2013.


RISCOS


Os recursos que têm sido aplicados em renda fixa ajudam a tapar o buraco das contas externas, mas contribuem para que o governo ganhe tempo e, com isso, adie a adoção de medidas para corrigir o desequilíbrio das contas externas, como uma redução dos gastos públicos.


Além disso, podem sair do país a qualquer momento, forçando um ajuste econômico custoso.


"Essa entrada mais forte tem muito pouco a ver com melhora de fundamentos do Brasil. A economia do país continua muito fraca", diz Marco Freire, diretor de investimentos em renda fixa da Franklin Templeton, uma das maiores gestoras de recursos.


Segundo Freire, o crescimento no fluxo de capitais estrangeiros para investimentos em renda fixa no Brasil é explicado principalmente pelo ambiente internacional.


Depois de sinais de recuperação mais contundente, a economia americana voltou a fraquejar no primeiro trimestre deste ano.


Com isso, a expectativa de que os juros no país subam continua em suspenso.


Na Europa, apesar de sinais mais auspiciosos de retomada econômica, a inflação permanece muito baixa. Isso também pode contribuir para um cenário mais prolongado de juros baixos.


E, no Japão, existe o risco de que o banco central opte por aumentar ainda mais seu enorme programa de injeção de recursos na economia.


"Nesse cenário global de muita liquidez, os investidores ficam desesperados por retornos maiores. E o Brasil oferece retornos enormes", afirma Freire.


O economista André Perfeito ressalta que, entre as economias com moedas mais importantes e negociadas, a brasileira é a que, de longe, oferece maior retorno.


O investidor estrangeiro que aplicou em juros no Brasil teve um ganho de 9,35% nos últimos 12 meses.


A taxa é quase três vezes maior que os 3,28% de ganho para quem investiu na moeda sul-africana (o rand).


"Esse é o apelo muito forte em relação ao Brasil", diz Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.


Brasil recupera sua fatia em fundosglobais


O Brasil recuperou parte do terreno que vinha perdendo em relação a outros países emergentes nas carteiras de fundos estrangeiros globais que investem em renda fixa.


A fatia atraída dessas aplicações pelo país atingiu seu nível mais baixo em 2013, segundo dados da consultoria EPFR. Mas, nos últimos dois meses, ocorre uma reversão.


Em março, o país recebeu 10,7% do total de dinheiro investido por esses fundos. Foi o maior percentual atraído pelo Brasil desde abril de 2012.


Além dos juros mais altos pagos pelo país, analistas ressaltam que o Brasil tem vantagens como baixo risco geopolítico.


Os investimentos destinados à Rússia, por exemplo, encolheram devido aos problemas na Ucrânia.


Depois de receber mais recursos que o Brasil durante quase todo o ano passado, a parcela de investimentos em renda fixa atraída pela Rússia caiu para 9,1% no fim de março. O Brasil também ficou à frente do México (9,4%).


Especialistas alertam, no entanto, para o risco de que o dinheiro investido em renda fixa volte a sair do país assim que sinais mais contundentes de recuperação da economia americana reapareçam.


Se indicações mais fortes de recuperação ressurgirem, é possível que haja um movimento de realocação de recursos de emergentes para o mercado americano.


Outro risco é que o desempenho da economia brasileira continue ruim, afastando investidores.


Uma saída brusca de recursos levaria a uma desvalorização cambial, com efeito negativo sobre a inflação, que já está em nível elevado.


Uma vantagem do Brasil é que parte do deficit em conta-corrente continua sendo financiada por investimentos estrangeiros diretos (IED), que são considerados mais estáveis e somaram US$ 14,2 bilhões no primeiro trimestre.


Mas parte desse fluxo (cerca de 30% do total) tem sido representada por empréstimos de matrizes no exterior às filiais no Brasil.


Isso significa que são recursos que não têm como destino investimentos produtivos no país. Podem estar sendo direcionados, por exemplo, a aplicações financeiras.


China tenta esconder que pode virar a maior economia do mundo neste ano


A China tentou evitar a publicação dos dados que mostram que o país está prestes a superar os Estados Unidos como a maior economia mundial em paridade de poder de compra, possivelmente já neste ano.


O relatório do IPC (Programa de Comparação Internacional), coordenado pelo BancoMundial, incluiu um trecho segundo o qual o Escritório Nacional de Estatísticas (o IBGE chinês) questionou partes da metodologia da pesquisa e não endossa os resultados como oficiais.


A mídia chinesa, que sofre rigoroso controle do governo, não divulgou os dados, tornados públicos nesta semana.


"A China não quer ser vista como o número 1. Ela está preocupada com as implicações internacionais e a responsabilidade que podem vir disso", disse uma pessoa que participou do relatório do IPC.


"No critério de renda per capita, a China ainda é um país muito pobre, logo não quer assumir certas obrigações no cenário internacional. Pelo menos não ainda", disse um conselheiro relacionado a políticos chineses.


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