Por João José Oliveira | De São Paulo

As ações da Gol subiram 4,04% ontem a R$ 13,40, maior cotação desde 25 de abril de 2013. Dados divulgados pela companhia referentes ao primeiro trimestre alimentaram análises positivas entre analistas de bancos.

Mas o nível de empolgação será testado hoje, quando investidores poderão reagir à perda de R$ 75,9 milhões da empresa na Venezuela, fato revelado após o pregão.

No início do dia, a Gol relatou aumento de 15% para a demanda no primeiro trimestre ante mesmo período do ano passado. A oferta subiu 1,6%, a taxa de ocupação avançou nove pontos percentuais, a 73,7% e a receita por passageiro (Prask) cresceu 18% ante 2013.

Após divulgação dos dados, o Santander divulgou relatório, elevando de R$ 11 a R$ 14 o preço-alvo da Gol para o fim do ano, mudando a recomendação para o papel de abaixo da média de mercado para neutra. O analista do banco Pedro Balcão disse que fez o ajuste ante "o desempenho operacional continuamente significativo da Gol e melhoria expressiva no cenário macroeconômico".

Ele citou a maior receita e a menor pressão do dólar e de combustíveis: "O impacto líquido desses desdobramentos em nossas estimativas indica aumento de 21% no Ebitdar [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] e elevação da estimativa de margem Ebit [lucro antes de juros e impostos] de 3,7% para 5,5%, em 2014".

O UBS também considerou positivo o desempenho da Gol no trimestre. "A partir desse desempenho vigoroso, pensamos que a Gol pode registrar no primeiro trimestre margem Ebit ao redor de 6%", apontaram em relatório Victor Mizusaki e Rodrigo Fernandes, que têm recomendação de compra para a ação da Gol, com preço-alvo de R$ 18.

Segundo o analista técnico Marcio Noronha, da Timing Investimentos, a ação da Gol está em tendência de alta, tendo pela frente três pontos de resistência que podem ser testados nos próximos meses: a R$ 15,13, a R$ 15,60 e a R$ 16,30. "O último é o mais forte. Se quebrado, de forma consistente por vários pregões, abre caminho até o preço de R$ 30,56", disse Noronha.

Analistas ponderam que combustível e câmbio seguem como elementos de cautela. Segundo a Gol, em março o preço médio do combustível subiu 10% ante mesmo mês de 2013. Por isso, a companhia busca mais receita em moeda estrangeira. Em março, a oferta da companhia em voos internacionais avançou 2,7% e a demanda subiu 17,5%, elevando em 8,6 pontos percentuais a taxa de ocupação, a 68,6%. Segundo um analista de um banco estrangeiro, se o dólar médio neste ano ficar abaixo de R$ 2,50, ele vai rever para cima o preço-alvo da Gol "dado que 60% dos custos da companhia são denominados em dólar, mas a maior parte da receita é em real".

Após a bolsa fechar, a Gol informou que a política cambial na Venezuela - onde a empresa tem R$ 350,3 milhões em caixa - vai gerar perda de R$ 75,9 milhões. Este é o impacto provocado pela decisão do governo de passar a pagar por cada dólar que as aéreas têm no país 10,70 bolívares em vez de 6,30 bolívares. "Embora o governo venezuelano tenha assegurado ao público que tais taxas não se aplicarão ao dinheiro em circulação no país antes da resolução que estabeleceu as novas taxas de câmbio, não podemos prever se seremos capazes de transferir tempestivamente e de forma economicamente viável nosso caixa até então mantido na Venezuela", informou a Gol.