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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 17-04-2014 - 09:23 -   Notícia original Link para notícia
Empresários se dividem quanto ao impacto nos negócios

Empresários do setor de turismo estão divididos em relação ao impacto da Copa do Mundo em seus negócios. Agências de turismo, empresas de ônibus, locadoras de veículos, empresas de treinamento e redes hoteleiras, que operam nas doze cidades-sede - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá - traçam horizontes otimistas. Já companhias aéreas e operadores de aeroportos assumem uma postura mais defensiva, apontando que os investimentos e gastos exigidos para atender aos picos de demanda concentrada deixa pouca margem para previsões de lucros gordos.


O Grupo Águia, holding composta por dez empresas de turismo, pagou US$ 40 milhões à Fifa pelo direito de comercializar pacotes de "hospitality" (ingressos de camarotes) em parceria com a Traffic. Em troca, a companhia espera dobrar a taxa de crescimento da receita este ano, quando o número de funcionários cresce de 600 para 3 mil. Mais de 60 mil assentos em restaurantes nas 12 cidades-sede da Copa foram bloqueados.


Com a Copa, o Brasil prevê atrair 7,1 milhões de visitantes, que devem trazer ao menos US$ 9,2 bilhões ao país, calcula a Embratur. O setor de turismo deve crescer 15% neste ano, aponta sondagens da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav).


No segmento hoteleiro, a tentação de elevar tarifas é refreada pelo receio de haver queda na taxa de ocupação, na medida em que haverá menos vendas para hóspedes corporativos. Essa conjuntura é reforçada pelo fato de os investimentos no setor terem elevado a oferta além da demanda projetada.


Segundo o Forum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), as 26 redes associadas à entidade estão investindo R$ 7 bilhões, de 2012 a 2015, para a construção de 40 mil novos apartamentos, o que vai elevar a oferta de quartos em 24,3%. Mas nessa mesma base, a demanda vai crescer 15,7%, aponta a entidade.


O risco da retração dos turistas corporativos provocada pela decisão das empresas em adiar ou cancelar viagens de negócios, seminários ou congressos é o grande receio dos empresários ligados ao turismo. Tanto que já é possível encontrar promoções entre redes hoteleiras buscando reduzir o risco de ter menores taxas de ocupação. O presidente da CVC, Luiz Falco, que responde pela maior agência de viagens do país, disse na semana passada que já tem "muitas promoções com descontos para destinos como Natal e Fortaleza, mesmo com a Copa, por causa do desbloqueio das diárias".


O mesmo vale para cidades tipicamente marcadas pela recepção ao viajantes de negócios, como São Paulo, onde o preço médio de uma diária durante a Copa será de R$ 537, segundo levantamento da Trivago.com, o maior site do mundo para procura de hotéis, contra média, composta a partir das tarifas cobradas nas doze cidades-sede, de R$ 816.


Segundo estudo elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que avaliou o impacto dos 64 feriados das cidades sedes, sendo que sete desses, na hipótese do Brasil chegar até a semi-final, serão decretados feriados nacionais, a produção no país pode sofrer, em um mês, perda de até R$ 30 bilhões com os dias parados.


Já cálculos da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) apontam que o segmento vai perder 11 dias de vendas no ano por causa da Copa do Mundo em função do fechamento antecipado das lojas durante o evento - os jogos do Brasil acontecem no fim da tarde - e também da queda no tráfego das lojas ao longo do dia com jogos.


"O turismo de negócios vai parar", disse o presidente da Unidas, terceira maior locadora de veículos do país, Pedro de Almeida. "Mas no fim das contas, o aumento de turistas de lazer e estrangeiros vai compensar a menor venda para o setor corporativo", avalia o diretor de marketing da concorrente Hertz Brasil, John Salagaj.


Dona de uma frota com 20 mil veículos e focada no segmento corporativo, a Hertz viu o número de reservas de carros para Copa do mundo crescer seis vezes - os pedidos de reservas aumentaram mais de 500% para o período de 1º de junho a 15 de julho em relação ao mesmo período de anos anteriores. "Desde o começo do ano já temos reservas para a Copa do Mundo, e é um fato atípico ter um grande número de reservas com tanta antecedência, o que significa que as pessoas estão reservando antes do esperado", disse Salagaj. "A nossa meta para a Copa é alugar tudo. Com esse movimento, até seis semanas antes do evento já estaremos com todas as reservas esgotadas".


Grandes redes, como a líder Accor, ou bandeiras nacionais como DeVille e Hotelaria Brasil, fizeram a receita da Class Training, especializada em treinamento de profissionais de hotelaria, crescer 35% este ano. "Existe uma demanda que vem muito das redes nacionais porque os grupos estrangeiros têm uma postura mais acostumada com hóspedes estrangeiros", diz o executivo da Class, Boubakar Sanfo. Ele viu aumentar entre as redes de hotéis a busca por cursos de motivação, liderança, inteligência emocional, atendimento à diversidade e segurança.


A preocupação em atender bem à clientela estrangeira faz sentido. Afinal, o plano de empresários e governo é fazer da Copa o trampolim capaz de alavancar a posição do Brasil no ranking do turismo global. Com o impulso proporcionado pelo evento, a Embratur espera atrair 10 milhões de turistas ao Brasil em 2020, dobrando o número de visitantes estrangeiros em oito anos desde 2012.





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