A TAM ingressou ontem oficialmente na aliança de companhias aéreas Oneworld, um dos últimos passos que faltava para a conclusão da fusão com a chilena LAN, anunciada em 2010. A integração total das companhias, no entanto, ainda levará pelo menos dois anos, disse o CEO da Latam Airlines, Enrique Cueto. "Ainda falta oferecer um serviço igual na LAN e TAM, definir uma marca e integrar os sistemas", disse Cueto.

A escolha de uma aliança de companhias aéreas foi uma exigência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do órgão similar do Chile para aprovar a criação da Latam Airlines, empresa que nasceu da fusão da TAM e da LAN. A TAM participava da Star Alliance, enquanto a LAN era associada a Oneworld. O grupo anunciou no ano passado que a TAM entraria na aliança dos chilenos, mudança concretizada ontem.

A Latam nasceu oficialmente em junho de 2012, quando a TAM fechou o capital na bolsa brasileira. Quem assumiu a presidência da empresa foi Enrique Cueto, da família que controlava a LAN.

O cenário que Cueto encontrou com a TAM nos últimos dois anos foi bem diferente daquele que existia quando assinou com a família Amaro, antiga controladora da TAM, o acordo de fusão, em 2010.

"A economia obviamente se deteriorou no Brasil. E a TAM, que adicionava historicamente em média 13 aviões por ano a sua frota, deixou de crescer nos últimos três anos. Sobraram uns 40 aviões e tivemos que equacionar isso", conta Cueto.

"Também tivemos de fazer um aumento de capital de cerca de US$ 1 bilhão. Já sabíamos que íamos precisar. Mas, com a mudança na economia mundial, conseguir o dinheiro foi mais complicado. Agora estamos tranquilos, temos caixa. Mas foi um momento difícil."

Cueto também admite que encontrou problemas no processo de "due dilligence" (checagem financeira) no balanço da TAM. "Havia erros no que chamamos de passivo por voar. Uma troca no sistema de vendas trouxe erros (nesses lançamentos de receitas). Mas isso se ajustou no ano passado", afirmou o executivo.

Parte dessa diferença no balanço teve de ser coberta com um aporte de R$ 3,5 bilhões da Latam na TAM, anunciado em março deste ano. Mas, segundo o presidente da TAM SA, Marco Antonio Bologna, o aporte foi feito, principalmente, para evitar que a empresa ficasse com um patrimônio líquido negativo, devido ao efeito cambial da valorização do dólar sobre a dívida da empresa.

Desafios. Apesar de já ter cumprido com as exigências das autoridades regulatórias para selar a fusão de TAM e LAN, a Latam ainda tem o desafio de completar a integração das empresas. A companhia pretende decidir nos próximos seis meses se usará uma marca única para as duas empresas, qual marca adotar ou se manterá duas marcas, disse Cueto.

A empresa também terá que integrar os sistemas das duas companhias, mas só fará isso após a Olimpíada de 2016. "Sabemos que o passageiro não entende por que ele não pode fazer check in de um voo da LAN no balcão de atendimento da TAM. Precisamos integrar o sistema, mas é uma operação complicada. O sistema de TI é como se fosse o coração de uma companhia aérea", disse Cueto.

A Latam, no entanto, deve conseguir mais sinergias da fusão nos próximos meses com o fortalecimento da operação da empresa no aeroporto de Guarulhos, assim que o terminal novo for inaugurado, em maio.

A intenção da companhia é formar um hub (centro de distribuição de voos) em Guarulhos para receber passageiros de toda a América do Sul e distribuir em voos pelo Brasil e para a Europa ou Estados Unidos, voando, portanto, com aviões mais cheios.