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Valor Online ( The Wall Street Journal ) - SP - Brasil - 10-03-2014 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Aéreas investem em assento mais rentável

Por Daniel Michaels | The Wall Street Journal, de Frankfurt


Para os passageiros, o assento ideal é normalmente na primeira classe ou na classe executiva. Para as companhias aéreas, o melhor lugar nos voos de longo alcance fica, cada vez mais, bem mais ao fundo da aeronave.


Uma nova classe híbrida, a econômica "premium", está surgindo em mais aviões devido à sua atraente relação custo-benefício. Os assentos oferecem um pouco mais de espaço que as poltronas tradicionais e com frequência vêm com comodidades extras, como refeições melhores. O preço da passagem é mais alto que o da econômica básica, mas ainda bem menor que os da executiva e primeira classe. Executivos do setor dizem que esse assento pode ser o mais rentável de todos.


A equação favorável foi um dos motivos que levou a Lufthansa AG a lançar a classe econômica premium em todos os seus voos intercontinentais a partir de outubro. "Será um produto muito rentável", diz Jens Bischof, diretor comercial da empresa.


Enquanto os passageiros querem o maior espaço possível para seus joelhos e cotovelos, as empresas querem fazer o melhor uso possível de cada metro quadrado. O novo assento da Lufthansa oferece quase 18 centímetros a mais para esticar as pernas e cerca de 10 centímetros extras na altura dos ombros porque cada fileira tem dois assentos a menos que na classe econômica tradicional. Cada passageiro tem seu próprio apoio de braço.


O novo assento da Lufthansa ocupa cerca de 50% mais espaço do chão do avião do que o da classe econômica básica. O custo incremental de outros itens extras, como a permissão de despachar mais uma mala, as refeições servidas em porcelana e um kit de amenidades, é proporcionalmente menor, segundo Bischof. Uma passagem de ida e volta na classe econômica premium vai custar em média 600 euros (US$ 824) a mais que na econômica clássica. A Lufthansa não revela o preço médio das passagens na classe econômica.


Cada assento na classe executiva ocupa três vezes o espaço da poltrona na classe econômica tradicional e o preço da passagem de ida e volta custa, em média, 2.000 euros a mais, diz Bischof.


O site de viagens TripAdvisor Inc. calcula que o preço das passagens da econômica premium varia entre o dobro e quatro vezes a menor tarifa da classe econômica tradicional e que a da classe executiva pode custar dez vezes mais. Andrew M. Wong, diretor da TripAdvisor Flights em Cingapura, diz que a econômica premium é um bom negócio para os passageiros que viajam a trabalho e cujas empresas não autorizam viagens na classe executiva.


A Boeing Co., fabricante americana de aviões, entrega hoje cerca de 30% das encomendas do seu modelo mais vendido, o 777, que faz voos intercontinentais, com assentos para a classe econômica premium. Segundo Kent Craver, diretor de experiência de cabine e de análise de receita da Boeing, o percentual está crescendo. Há dez anos, nenhum 777 novo tinha esse assento.


Mesmo aviões mais antigos estão sendo adaptados para oferecer a classe econômica premium, mas o número não é monitorado. A Lufthansa pretende, até o fim de 2015, instalar esses assentos em 106 aviões, a maioria dos quais já está na sua frota.


Mas a empolgação começou aos poucos. A Virgin Atlantic Airways Ltd. lançou a primeira versão melhorada da classe econômica em 1992, "em meio à crescente conscientização dos viajantes a negócios com relação aos custos", disse uma porta-voz da Virgin. Quase dez anos depois, concorrentes começaram a copiar o conceito.


Até 2009, perto de 12 companhias aéreas ofereciam um serviço especial na classe econômica e hoje cerca do dobro faz isso, diz Chris Emerson, diretor sênior de marketing da Airbus Group NV. "Os voos estão mais cheios do que nunca, então há um interesse renovado em capturar o tráfego das tarifas mais altas", diz Emerson.


Os produtos, porém, variam bastante. As companhias aéreas americanas e várias outras apenas oferecerem algum espaço extra para as pernas e usam os mesmos assentos da classe econômica básica. Perry Cantarutti, vice-presidente sênior da Delta Air Lines Inc., diz que a disposição funciona bem para a rede da companhia e "os clientes dizem que o espaço é o principal benefício". No outro extremo, a Air New Zealand Ltd. oferece assentos que podem se transformar em camas. "Realmente tem de tudo", diz Craver, da Boeing.


No Brasil, a TAM cobra uma taxa extra nas poltronas nas saídas de emergência e nas primeiras fileiras, que oferecem mais espaço para as pernas. A taxa é de R$ 30 nos voos domésticos e pode chegar a US$ 135 nos internacionais. Nos aviões da Azul fabricados pela Embraer, as cinco primeiras fileiras são mais espaçosas e a empresa cobra uma taxa extra que varia de R$ 20 a R$ 30 por esses assentos. Já a Gol oferece mais espaço para as pernas nos assentos Gol Conforto, cobrando a partir de R$ 30 a mais. Para a elite dos clientes do programa de fidelidade, o serviço é gratuito.


A tendência ganhou força com o aumento das diferenças entre a parte dianteira e traseira dos aviões usados em voos internacionais. Nos últimos 15 anos, a maioria das empresas globais aprimorou os assentos da classe executiva com versões que viram camas. Elas são tão luxuosas que a maioria das empresas abandonou a primeira classe. Com isso, as companhias têm espremido a área da classe econômica. Primeiro, elas reduziram o espaço para os joelhos. Agora, muitas estão instalando um assento extra em cada fileira. Segundo Bischof, a Lufthansa não planeja fazer isso.


A companhia alemã já havia considerado duas vezes lançar a classe econômica premium e essa hesitação indica a potencial desvantagem do serviço. As empresas querem que os passageiros da classe econômica comprem passagens mais caras em vez de os da classe executiva pagarem tarifas menores. Só depois de ter começado a aprimorar a sua classe executiva, em 2012, instalando assentos que viram camas totalmente na posição horizontal no lugar das que só sem inclinavam, é que a Lufthansa sentiu segurança de que a estratégia não canibalizaria sua própria demanda por passagens mais caras. "Você se pergunta se não tem aí um risco de reduzir as vendas", diz Bischof. "Eu vi o potencial de crescimento nas vendas como significativamente mais elevado."


Craver, da Boeing, diz que a econômica pemium reflete o surgimento da classe executiva nos anos 80. Na época, a diferença entre executiva e primeira classe era grande. Hoje, os assentos da classe executiva são mais confortáveis do que eram os da primeira classe há dez anos. As companhias aéreas estão agora retomando a configuração com três classes, diz Craver. "A econômica premium é como uma nova classe executiva." (Colaborou Silvana Mautone.)


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