Passageiros de voo Miami-BH, que retornou ao aeroporto da cidade dos EUA meia hora depois de decolar, tiveram de dormir no chão do terminal, sem assistência satisfatória

Luana Cruz

Atendimento prestado pela companhia aérea em Miami foi criticado pelos passageiros. Eles passaram a noite no terminal

Passageiros de um voo da American Airlines que seguia de Miami (EUA) para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, passaram por um susto na madrugada de ontem. Eles embarcaram no voo 991 às 23h40 (horário dos EUA) com previsão de chegada a Minas Gerais às 9h40 (horário do Brasil), mas um cheiro de queimado na aeronave impediu a viagem.
Segundo passageiros, cerca de 30 minutos depois que o avião levantou voo, eles foram avisados de que voltariam para o aeroporto de Miami por causa de problemas mecânicos. A aeronave pousou em uma área isolada da pista e houve inspeção do Corpo de Bombeiros, que durou cerca de 30 minutos.
Depois da vistoria, os passageiros voltaram para a área de embarque escoltados por bombeiros e policiais, onde aguardariam a substituição do avião. Filas enormes se formaram no saguão. No entanto, eles foram informados de que só embarcariam às 12h35 de ontem. Inicialmente, a companhia aérea informou que haveria hotel e alimentação para todos, no entanto, clientes foram avisados de que dormiriam no auditório do aeroporto de Miami, pois não haveria hospedagem.
A jornalista Fernanda Borges, que estava de férias em Miami desde domingo, era passageira do voo com o marido e ficou inconformada com o tratamento da companhia aérea. "Dormimos no chão e estava muito frio. Deram um voucher de 24 dólares para alimentação, mas estava tudo fechado no aeroporto. As lojas abriram às 7h50 (horário de Miami). O auditório tinha mau cheiro e ficou cheio", contou. Ela ainda lembrou que achou o avião muito estranho na decolagem, porque balançava muito: "Estava muito instável".
Os advogados Giovanni Mati, Marcos Silva e Regina Viana perderam uma audiência importante em Belo Horizonte por causa do problema no voo. Eles também dormiram no chão do terminal em Miami e receberam um voucher de 7 dólares cada um.
Uma família inteira, com 27 pessoas, também estava no voo da American Airlines e havia alugado um micro-ônibus para buscá-la em Confins, para levá-la para Juiz de Fora, na Zona da Mata, mas perdeu o transporte combinado. Outras pessoas estão viajando de outras cidades dos EUAe já passaram mais de 24 horas em trânsito, por isso ficaram exaustas.
Os passageiros também reclamaram ter ficado sem as malas e que o dinheiro oferecido pela empresa à maioria dos clientes (7 dólares) não foi suficiente nem para um sanduíche com café, que custa 17 dólares. Até os passageiros da primeira classe dormiram no chão e somente quem quis pagar hospedagem foi para hotéis da cidade.
Até as 9h, no site da Infraero, ainda havia confirmação de chegada do voo com horário previsto para as 9h55. Pouco depois, a informação foi atualizada com status de voo atrasado. No fim da manhã, a previsão da Infraero foi alterada para chegada do voo às 22h12 de ontem, por causa de "atraso técnico".
NOTA Em nota enviada às 13h24, a American Airlines informou o seguinte: "O voo 991, de Miami para Belo Horizonte, retornou após a decolagem devido a um problema mecânico. A aeronave Boeing 767-200, com 174 passageiros e 12 tripulantes, partiu às 23h50 e retornou às 0h40. O voo está programado para decolar hoje (ontem) às 12h15 (Miami). Os passageiros foram acomodados em hotéis. A American Airlines lamenta por qualquer inconveniente e esclarece que a segurança dos passageiros e da tripulação é a prioridade da companhia."

Desembarque após transtornos

Depois de aproximadamente 24 horas enfrentando diversos transtornos, incluindo fome, frio e uma noite sem dormir direito, os passageiros do voo 991 que veio de Miami finalmente chegaram às 22h30 ao aeroporto de Confins. Mesmo assim, mais uma provação para o desembarque. Segundo a Infraero, outro voo que estava marcado para chegar no mesmo horário teria prioridade no desembarque. Os passageiros do 991 só poderiam começar a desembarcar por volta das 23h. 
A jornalista Fernanda Borges informou que todos estavam visivelmente exaustos e agitados: "Logo depois do pouso todos ficaram de pé e o comissário foi extremamente grosseiro ao nos mandar sentar. Estamos todos exaltados. Foi um dia horrível".