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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 21-02-2014 - 11:10 -   Notícia original Link para notícia
Gol planeja mais acordos em outras regiões

Por João José Oliveira  De São Paulo



Edmar Lopes, da Gol, diz que vai manter o modelo de parceria: "Vamos olhar outros acordos e outras regiões"



As ações da Gol subiram ontem 3,66%, a R$ 11,33, a maior cotação dos últimos 30 dias, numa reação positiva ao acordo assinado com a Air France-KLM, que permitirá compartilhamento de vendas e de programas de milhagens. A Gol vai manter esse modelo de parceria. "Vamos olhar outros acordos e outras regiões. Conseguimos colocar mais opções de destinos para o mercado internacional sem aumentar a frota, nem custos operacionais", disse ontem o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes.


A Gol já comunicou a operação ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Assim que tiver o sinal verde do Cade, a Gol prevê mais três meses para começar a operar com a Air France-KLM sob o novo contrato.


A aérea europeia vai investir US$ 100 milhões e ficará com 1,5% do capital da companhia brasileira. Em 2011 a Gol já havia fechado o mesmo tipo de acordo com a americana Delta, que pagou US$ 100 milhões por 3% do capital.


O executivo da Gol apontou que esse modelo de acordo aumenta a capacidade da empresa em gerar mais receitas no segmento corporativo e também em moeda estrangeira. No terceiro trimestre do ano passado - último balanço divulgado -, a segunda companhia aérea capturou cerca de um terço do faturamento, de R$ 2,2 bilhões, por meio de vendas para passageiros de empresas. Nessa mesma base, a receita em moeda estrangeira ficou na casa dos 9%.


A companhia quer atingir 14% do faturamento em moeda estrangeira para atenuar o impacto do dólar mais caro no balanço, uma vez que mais de dois-terços dos custos são atrelados à moeda estrangeira. Já o cliente corporativo é importante, aponta Lopes, porque mantém a demanda relativamente estável mesmo em períodos de economia mais fraca.




O vice-presidente da Gol diz que espera replicar com a Air France-KLM os indicadores alcançados com a Delta. "Hoje, 28% dos passageiros que chegam ao Brasil via Delta continuam voando por Gol. Esse percentual é quase o dobro da média mundial nesse tipo de acordo", apontou Edmar Lopes.


O vice-presidente da Gol espera ainda aumentar a demanda gerada por executivos e funcionários de companhias francesas e de outras empresas que demandam voos para ou da Europa. "Isso aconteceu com a Delta também", disse Edmar Lopes. "Eles têm um acordo com a IBM nos Estados Unidos que conseguimos replicar no Brasil para atender aos funcionários aqui".


Em 2013, a conexão aérea entre Brasil e França movimentou 1,01 milhão de passageiros, 5,2% mais que em 2012, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Outros 240 mil passageiros vieram ou foram para a Holanda, sede da KLM.


Pelo acordo assinado com a Air France-KLM, a Gol conseguiu pelas ações preferenciais um prêmio de 170% conforme cálculo de analistas de mercado. "O valuation [valor pelas ações no negócio] olha para a frente. E você só olha para a frente se está seguro que os ganhos de sinergias e operacionais planejados serão alcançados", disse Lopes.


Os recursos serão aportados em três tranches: uma de U$ 52 milhões em ações preferenciais (sem direito a voto), o que equivale a 1,5% do capital total da Gol, tendo como preço de referencia de US$ 12,23 por ação, US$ 23 milhões, em acordos comerciais para desenvolver ferramentas e sistemas de vendas, treinamento e ações de marketing; e US$ 25 milhões, ao longo de dois anos, em recompensas por sinergias alcançadas.


Os analistas do UBS, Rodrigo Fernandes e Victor Mizusaki, ressaltam em relatório que o prêmio pago pela Air France-KLM superou em 33,5% o ágio aceito pela Delta, em 2011. "Esse prêmio confirma que o plano de reestruturação da empresa está sendo bem sucedido e que está gerando valor para o acionista".


Para o analista do Banco do Brasil Investimentos, Mário Bernardes Jr, o acordo entre Gol e Air France-KLM vai dar à brasileira maior capacidade de gerar receitas e seguir adiante com o plano de busca pela rentabilidade. "O acordo é positivo pela possibilidade de gerar mais demanda, além de representar um dinheiro que está entrando", disse o analista.



Iata projeta consolidação no setor aéreo


O presidente da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), Tony Tyler, acredita que a consolidação é um caminho que as companhias podem buscar para enfrentar os custos elevados e as margens operacionais apertadas. "Temos mais de 200 associadas. É muita empresa. Qual outro setor tem tanta empresa que opera globalmente?".


O executivo que representa 240 companhias aéreas, ponderou, entretanto, que esse processo enfrenta desafios no curto prazo. "Cada empresa tem sua identidade nacional, a regulação em cada país e fatores nacionais que tornam esse processo mais difícil", disse ontem a jornalistas no escritório da entidade, em São Paulo.


Tyler citou a operação anunciada anteontem entre Gol e Air France-KLM, em que a aérea francesa adquiriu 1,5% do capital da companhia brasileira por US$ 100 milhões. "É um caminho de busca de eficiência, mas uma compra de participação minoritária não é consolidação", disse.


Para o presidente da Iata, o mercado brasileiro tem taxas de crescimento potencialmente maiores que as do Hemisfério Norte. Por isso, acredita, há espaço para que quatro companhias operem com margens de rentabilidade no longo prazo. "Mas o tempo vai dizer se é muito ter quatro empresas ou não."







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