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Estado de Minas Online ( Opinião ) - MG - Brasil - 06-02-2014 - 09:33 -   Notícia original Link para notícia
Editorial - Incertezas de um aeroporto

Você como investidor teria a coragem de gastar seu dinheiro em um empreendimento sabendo antecipadamente que o negócio iria com absoluta certeza dar prejuízo? Se fosse uma empresa particular poderíamos dizer que essa pessoa, mesmo tendo muito dinheiro, seria irresponsável. Se nossa hipótese fosse a de uma empresa na qual teríamos outros sócios, com certeza, eles não iam achar que esse hipotético investidor está em condições de continuar administrando essa empresa ou negócio.

Vamos dar o exemplo da Multiterminais Alfandegados do Brasil, que, além do Porto Seco de Juiz de Fora administra o Aeroporto Internacional Itamar Franco, situado entre os municípios de Rio Novo e Goianá. Mesmo tendo os vôos comerciais da Azul Linhas Aéreas sido transferidos para o Aeroporto da Serrinha em Juiz de Fora, a Multiterminais mantém um mínimo de funcionários trabalhando, esperando que a licitação a ser feita pelo Minas ocorra com a brevidade que o tempo requer para poder, novamente, participar dessa nova licitação que permitirá o contrato de concessão por 30 anos. Antes que isso ocorra, a empresa, que já investiu mais de R$ 10 milhões naquele aeroporto da Zona da Mata, não deverá fazer novos investimentos no local, pois ela não tem a absoluta certeza de que ganhará a concorrência. 

Quando se trata de políticas de governo, as interrogações sempre ficam no ar. A licitação, que já deveria ter sido realizada, foi cancelada e transferida para outra data, trazendo temores e dúvidas para as populações das cidades de Rio Novo, Goianá, Coronel Pacheco, Juiz de Fora e até para outros municípios, que têm grandes esperanças na alavancagem das suas respectivas economias. Existe a absoluta necessidade de essa falada licitação ser feita e homologada com toda a brevidade para que as incertezas não continuem. O problema já causa inúmeros malefícios, principalmente, para pequenos municípios, que estavam vivendo em função das operações do Aeroporto Itamar Franco, agora convertidas em demissão de funcionários, diminuição drástica nas compras e prejuízos inumeráveis para a arrecadação de impostos municipais, estaduais e federais, paralisações no funcionamento de hotéis, pousadas, bares, restaurantes, mercearias, linhas de ônibus, táxis especiais, padarias, oficinas mecânicas etc. Se o governo não está vendo isso, significa que ele também está tendo prejuízos.

Conforme declarações dos pilotos da Azul Linhas Aéreas, a simples transferência dos voos de Goianá para Juiz de Fora já é um desastre para eles, porque, mesmo com condições atmosféricas boas, descer um avião com 72 passageiros no Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora, sempre será um procedimento de risco em casos de tempo chuvoso ou nevoeiros, muito comuns nesse acanhado aeroporto municipal. Ninguém é contra operações nesse aeródromo, mas a prefeitura do município, que já foi a "Manchester mineira", não pode continuar fazendo de conta que tudo está bem. Ali faltam ainda os indispensáveis aparatos de segurança, como os moderníssimos aparelhos capazes de orientar os pilotos das aeronaves que estão prestes a aterrissar a apenas 200 metros do solo. Gastar dinheiro onde por vezes é dispensável ou postergável nunca pode ser mais importante do que poupar vidas humanas. Como não existem áreas de escape adequadas nas cabeceiras da pista, um pequeno erro de alguns metros antes de tocar o solo molhado pode trazer um terrível desastre com mortes para quem está no avião e nas que estiverem no solo. 

É urgente e necessário que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) volte a exigir da Prefeitura de Juiz de Fora os indispensáveis investimentos na segurança do aeroporto, como um caminhão importado de combate a incêndios e outros sofisticados aparelhos existentes nos maiores e melhores aeroportos brasileiros. Além disso, exigir que a Azul volte a trabalhar com aviões menores e mais leves. Poupar vidas humanas é um dever de todos, seja do governo ou de particulares.


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