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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 18-01-2014 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Obra atrasada aborta voos

Reforma em Confins vai aumentar capacidade do terminal em 1,4 milhão de passageiros ao ano, mas evolução lenta (apenas 41% concluídos a três meses do novo prazo) limita novas rotas.


O atraso nas obras do aeroporto de Confins limitou a inclusão de voos extras durante a Copa do Mundo. Entre as premissas adotadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para vetar a liberação de horários, segundo o presidente do órgão, Marcelo Guaranys, está o limite operacional de cada aeroporto. No caso de Confins, a análise dos pedidos foi feita com base na atual capacidade (10,2 milhões de passageiros/ano), sendo que o ano passado encerrou com fluxo próximo do limite (10 milhões de passageiros/ano). Segundo a agência reguladora, à medida que as obras forem entregues, caso haja demanda, serão avaliados novos voos. A conclusão da reforma, prevista até abril, aumentaria a capacidade do aeroporto em 1,4 milhão de passageiros por ano.

A ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves nem mesmo chegou à metade, faltando apenas três meses para encerrar o novo prazo. Balanço publicado ontem indica que só 41% das obras estão prontas. Por isso, a agência reguladora desconsiderou a conclusão do projeto para redesenhar a malha aérea do país durante o evento esportivo. Segundo nota, ao avaliar os pedidos de voos e os remanejamentos da malha, "a Anac considerou a capacidade dos aeroportos somente com as obras que já estão na fase final". Confins não faz parte deste rol. "Garantimos que os voos estão sendo aprovados dentro da capacidade dos aeroportos", disse Guaranys ao apresentar os dados do esquema de voos da Copa.

Segundo a agência, caso a empresa não tenha um determinado pedido de slot contemplado, é apresentada uma alternativa para suprir a necessidade, exceto quando se tratar de um aeroporto plenamente ocupado. Ou seja: sempre que houver infraestrutura para o processamento do voo e o horário solicitado não estiver disponível, outras opções serão disponibilizadas. A restrição, em Confins, se daria exatamente nesse aspecto. Com fluxo próximo do limite, as alternativas são restritas.

A agência reguladora não revela quantos voos extras serão destinados para cada um dos 25 aeroportos incluídos no esquema de operação especial da Copa do Mundo, que vai de 6 de junho a 20 de julho. Em Minas, além de Confins, participarão do esquema formado o terminal da Pampulha e o de Juiz de Fora (Serrinha). Mas, segundo o balanço preliminar, divulgado na primeira semana do ano, Confins não estava nem mesmo entre os sete primeiros com maior aumento percentual de pousos e decolagens para o período. O ranking, liderado por Viracopos, com pedido de acréscimo de 41,6% sobre a malha atual, tinha Galeão e Recife empatados na sétima posição, com solicitação de expansão do fluxo de 13% extras. Ou seja, o percentual solicitado para Confins era ainda menor que isso.

OFERTA MAIOR Ao todo, 1.973 voos foram criados para suportar o aumento da demanda no período da Copa do Mundo e com o intuito de forçar as companhias aéreas a ofertar passagens mais baratas. Mas a remodelagem da malha de inverno atingiu mais de 78 mil, se considerados, além dos adicionais, os que sofreram alterações. 

Levantamentos feitos pela reportagem nos últimos meses mostraram preços bastante elevados. Em nota, a TAM diz que já avalia as informações remetidas pela Anac e os impactos nos itinerários operados pela companhia. Sem definir data, a empresa afirma que, ao longo deste mês e da primeira quinzena de fevereiro, vai disponibilizar as alterações em todos os canais de venda. No caso da Azul, os voos adicionais serão postos à venda a partir de fevereiro; a Gol diz que os voos serão incluídos no sistema gradativamente, a partir dos ajustes da malha.

Para conferir se os preços vão estar em níveis considerados normais, a agência reguladora montou uma equipe para monitorar quinzenalmente as tarifas. Em caso de suspeitas de abuso, os órgãos de defesa do consumidor serão acionados. Segundo a Anac, a tarifa média praticada no primeiro semestre do ano passado foi de R$ 302. "A expectativa para o período da Copa é que não haja preços elevados demais e que o comportamento do mercado seja parecido com a alta temporada", informa a Agência Nacional de Aviação Civil.


 


Segurança no ar e no solo preocupam


 


Rosana Hessel

Brasília - Apesar de os novos voos significarem aumento de apenas 1% da malha aérea nacional durante a Copa do Mundo, uma preocupação dos especialistas é a segurança nos céus e nos terminais. O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Voo (SNTPV), Jorge Botelho, reconheceu que os operadores não estão tranquilos com esse incremento no número de voos, mesmo abaixo do esperado pelo governo. "Dependendo do horário, se houver uma maior concentração de voos, haverá congestionamento tanto em ar quanto em solo. Com atrasos em um aeroporto, isso refletirá em cadeia nos demais porque a malha é integrada", alertou. 

Botelho lamentou o fato de os controladores de voo nunca serem consultados pelo governo quando há aumento da malha, algo que evitaria maiores transtornos aos passageiros. "Vamos ficar na torcida para que não ocorra nenhum problema mais grave. Não sabemos como é que esses voos serão distribuídos, assim como que tipo de obras que estão atrasadas nos aeroportos das sedes e subsedes da Copa. Se elas forem de pista, de sinalização, de construção de pátio e de boxes para os fingers, isso será muito grave porque afetará todo o tráfego aéreo", completou.

Para piorar, a situação em terra parece ser bastante complicada. Nem mesmo os servidores da Polícia Federal se sentem seguros nos aeroportos brasileiros. Funcionários se queixam das condições de trabalho, principalmente em função das obras. Na avaliação do presidente do Sindicato dos Policiais Federais, Flávio Werneck Meneguelli, "os aeroportos não estão preparados" para oferecer segurança apropriada aos turistas durante a Copa. "Observamos o sucateamento paulatino dos serviços prestados de polícia de soberania no país. Não temos número suficiente de policiais para atuar nos portos, aeroportos e fronteiras. E a realocação de policiais depende de treinamento especializado, que demanda tempo e não tem sido feito pelo Departamento de Polícia Federal", disse Meneguelli. 

Mas o policial não para por aí. "Aliado a isso, temos a terceirização dos serviços de entrada e saída de pessoas nos aeroportos, que fragiliza o controle", completou. De acordo com a PF, falhas nessa fiscalização permitem que pessoas com documentos falsos possam entrar ou sair do país.

LIÇÃO "A segurança nos aeroportos é o que mais preocupa. Basta entrar em qualquer aeroporto na Europa e ver que lá há muito mais policiais do que aqui. Não é preciso ser um expert para perceber que é preciso melhorar isso", comentou o especialista em infraestrutura e negócios internacionais Olavo Henrique Furtado, professor da Trevisan Escola de Negócios. "Torço para que a segurança seja melhor e vá além de uma câmera de circuito interno. Espero que o efeito Fifa seja positivo para o país e ajude a população a entender que há necessidade de mudanças em outras áreas, além dos estádios. Para isso, é necessário planejamento e não apenas no improviso", completou.

Para o professor de microeconomia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo Cleeveland Prates, os problemas que os passageiros enfrentarão nos aeroportos durante a Copa não serão diferentes dos atuais, porque a infraestrutura teve pouca melhora e a maioria das obras estão atrasadas. "Eu não diria que a Copa será uma vergonha, porque vergonha a gente passa todos os dias, quando recebe um amigo estrangeiro e vai buscá-lo no aeroporto", afirmou.

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) garantiu que "os aeroportos administrados pela empresa estarão prontos para atender a demanda de 2014, incluindo o movimento gerado pelos jogos da Copa". Em relação à nova malha autorizada pela Anac, a estatal destacou que "todos os pedidos levaram em conta as capacidades de terminal, pátio e pista disponibilizados atualmente. Além disso, as etapas de obras com entrega prevista antes da Copa vão assegurar mais conforto e capacidade aos aeroportos das cidades-sede."


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