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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Opinião ) - MG - Brasil - 04-01-2014 - 08:19 -   Notícia original Link para notícia
Editorial - Incógnita da Copa do Mundo no Brasil
Falta menos de seis meses para o início da Copa do Mundo no Brasil e uma grande interrogação paira sobre as cabeças dos contribuintes tupiniquins, aqueles que, em última análise, pagarão a pesada conta da realização do caríssimo evento, inflacionado até a estratosfera pela autoritária exigência do padrão Fifa: vale a pena sediar a Copa? A resposta, apenas o tempo, com sua milenar sabedoria, dirá.

Mas a incerteza sobre o retorno dos investimentos de R$ 26,5 bilhões, destinados somente para as cidades que sediarão os jogos, é completa. Os intensos efeitos inflacionários e a especulação financeira e imobiliária em função da Copa do Mundo já começaram, com reflexos imediatos nos preços de imóveis, serviços e alimentação, principalmente fora de casa.

As obras de infraestrutura necessárias para receber milhares de turistas estrangeiros estão atrasadas, mas grande parte, principalmente nos aeroportos e vias de transporte, ficará como legado positivo da Copa. Mas será que o custo compensa? Estas mesmas intervenções eram necessárias há bastante tempo e estão saindo do papel agora apenas em função da pressão do mundial de futebol. Neste contexto, o preço fica bastante salgado, muito acima dos parâmetros normais, devido à urgência.

Há ainda a expectativa de fomentar o turismo estrangeiro com a Copa, mas o combate à criminalidade e à redução da miséria que, associados, formam na verdade o grande entrave para a intensificação do fluxo de turistas no país, não estão sendo atacados como deveriam e são problemas estruturais, cuja solução é possível apenas em longo prazo, com políticas duradouras e consistentes.

A grande maioria dos brasileiros, apaixonados pelo futebol, não terá como assistir aos jogos sem comprometer as finanças pessoais. Na verdade, o Brasil tem tantas carências e prioridades de caráter social, econômico e educacional que realizar uma faraônica Copa do Mundo fere os mais elementares princípios do bom senso.

A ficha do pesado ônus da Copa custou a cair para a sociedade. A onda de manifestações que tomou conta do país no meio do ano passado incluiu o repúdio ao despedício de dinheiro público com a Copa como uma das bandeiras, porém os protestos foram tardios. Se fossem detonados na época do anúncio da escolha do Brasil como a sede da Copa de 2014, durante o governo Lula, claramente com objetivos político-eleitorais, talvez dessem algum resultado. Mas um ano antes do evento, ficou apenas na boa intenção.

Enfim, se colocarmos todas as variantes em torno da Copa do Mundo no Brasil, com suas incertas condicionantes, em uma equação, não será possível chegar ao "x" da questão. Talvez, dentro de alguns anos...
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