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EcoFinanças ( Últimas Notícias ) - SP - Brasil - 02-01-2014 - 11:49 -   Notícia original Link para notícia
Cortes são necessários para passar o ano longe do vermelho
Com renda familiar mensal em torno de R$ 1,6 mil, sendo R$ 1,2 mil de seu contracheque como auxiliar administrativo e mais R$ 400 referentes ao ganho de sua esposa, que é autônoma, Laerte Alberto Júnior não consegue manter as contas em dia. Morador de Alfenas, no Sul de Minas, ele revela que suas despesas fixas com as faturas de cartão de crédito, com os juros do cheque especial, financiamentos do carro e da casa, com o plano de saúde, somam R$ 1.525 mensalmente. O valor, no entanto, não inclui gastos supérfluos e a despesa com supermercado, impostos e outros custos inerentes ao orçamento de todo brasileiro.
Laerte narra que sua angústia começou no início de 2013, depois de realizar o desejo de comprar a casa própria, sem planejamento. Para adquirir o imóvel, o mesmo em que ele morava de aluguel, o auxiliar administrativo decidiu abrir mão do pagamento de contas importantes. "Até o fim de 2012 estava tudo certo, mas no início de 2013 surgiu a oportunidade de comprar a casa que alugávamos. Para pagar as taxas e dar o valor de entrada, deixei acumular prestações de loja, entrei no cheque especial e, agora, estou com a corda no pescoço", disse.

O rapaz conta que diante de tantas dívidas e da renda sempre apertada entrou em depressão, pois, até então, seu perfil era de bom pagador. Mas ele busca ânimo para reverter a situação. E deseja que isso ocorra já no início do ano. Para isso, Laerte planejou priorizar o pagamento dos boletos com juros mais abusivos. "Negociei o valor devido do meu cartão de crédito e o da minha esposa e já estamos pagando o saldo em parcelas menores e cortamos o cartão. Além disso, tenho quitado os cheques que já dei e estou depositando o que devemos do cheque especial, em pequenas parcelas, sempre que sobra um dinheiro ", ensina.

Ana Paula Bastos, economista da de Belo Horizonte (-BH), recorda que os juros do cartão de crédito são exorbitantes e que, por isso, os boletos da moeda de plástico precisam ser pagos em dia. "Nunca pague o cartão com atraso. Nunca pague apenas o mínimo da fatura. É melhor, nesses casos, até pegar um empréstimo ou usar o cheque especial, pois os juros do cartão são cerca de 12% ao mês e os dos empréstimos e cheque especial, em torno de 5%."

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A economista aconselha ainda a não pagar uma conta de loja, que geralmente tem juro em torno de 2% ao mês, com o cartão de crédito, cuja alíquota é seis vezes maior. "Mais vale ficar com a dívida da loja em aberto do que usar a moeda de plástico e criar uma bola de neve." O economista Gabriel de Andrade Ivo, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), alerta que a tendência para os próximos meses é de alta nos juros dos cartões, pois a Selic, a taxa básica da política monetária no país, deve registrar novos avanços. "De 10% (ao ano), a Selic deve chegar ao fim de 2014 em torno de 13%", acredita Gabriel Ivo.
AUMENTO DA RENDA Além da negociação de dívidas, Laerte procura ampliar o rendimento familiar com a venda de trabalhos manuais. Com talento para o artesanato ele procurou unir o útil ao agradável com a criação da marca Luminoartes, que produz luminárias de PVC. O problema é que o trabalho extra ainda não é rentável o suficiente para tirar as suas contas do vermelho. "Vendo luminárias com preços que vão de R$ 50 a R$ 120, de acordo com o modelo e desenho. Mas não tenho retorno certo. É uma renda que varia muito. Tem mês que vendo%u2026 Já em outros%u2026"

Até por isso, ele e a família apostam na contenção de despesas. "Mudamos muito os hábitos. Não temos mais o costume de sair e viajamos pouco. O lazer ficou de lado. Além disso, temos economizado até no supermercado, comprando o que é realmente importante, e nos gastos de água e luz", afirma. O controle maior, segundo ele, é fruto de uma dedicação de toda a família, que vem ocorrendo desde meados do ano passado, e deve ser ainda maior este ano. "Os nossos objetivos são começar a curtir mais a vida no meio ou no início de 2015 e poder fazer uma poupança para a gente e outra para o nosso filho, guardando pelo menos R$ 300 por mês", planeja.

Para Carlos Eduardo Freitas Costa, consultor em finanças pessoais e autor do livro Meu Dinheiro , ao priorizar o pagamento de dívidas com juros mais caros e diminuir alguns gastos Laerte está no caminho certo, mas ainda há muito o que fazer. O orçamento das dívidas e o familiar, segundo ele, devem ser levantados com o máximo de detalhes e serem vigiados permanentemente. "Nota-se que o conhecimento dele sobre as dívidas é superficial, mas só especificando tudo ele saberá onde está gastando mais e onde pode cortar", diz.

No caso de Laerte, a sugestão é para que o auxiliar administrativo repense, por exemplo, a necessidade de ter o financiamento do carro. "Sempre há necessidade de fazer um sacrifício quando se está com a corda no pescoço e abrir mão do carro pode ser uma decisão mais fácil e menos danosa", considera. "Diante do orçamento que ele tem é preciso que ele considere o que é mais importante, se o carro ou a casa", acrescenta.

Corte nos gastos desnecessários
Para Ana Paula Bastos, reduzir os gastos supérfluos pode evitar dores de cabeça no futuro. Gastar em bobagens que lhe trarão satisfação momentânea pode causar dor de cabeça duradoura no futuro, pois pode faltar dinheiro para pagar produtos e serviços importantes. Ao ir ao supermercado, por exemplo, o ideal é que a pessoa leve uma lista das mercadorias de que precisa.

Somente compre produtos fora da lista se você tiver certeza de que ele está bem mais barato do que nos outros estabelecimentos. Neste último caso, porém, a especialista acrescenta que é necessário conferir o prazo de validade. Também faça o uso racional de tudo, desde energia elétrica e telefone até alimentação. O excesso de consumo reflete no excesso de gastos.
De acordo com o planejador financeiro do site GuiaBolso.com, Luiz Kemprel, as dívidas podem ter duas origens: gastar mais do que ganha ou o surgimento de imprevistos. E o entendimento disso é importante para um planejamento de mais longo prazo. Para aqueles consumidores que buscam empréstimo como solução para as dívidas, ele orienta: para saber se os juros são ou não abusivos, pesquise e compare o valor das parcelas oferecidas por outras instituições financeiras para o mesmo período de financiamento.

Outra dica é para aqueles que não têm controle sobre o gasto. "O ideal é que no período no qual está pagando as dívidas a pessoa corte o cartão de crédito e o cheque especial e comece a fazer compra apenas no débito e no dinheiro ", orienta. O resultado, segundo ele, é mais dinheiro no fim do mês, que deve ser destinado para uma reserva de emergência. "O ideal é que a pessoa tenha guardado o equivalente entre três e seis meses de despesas para casos de desemprego ou imprevistos", considera. (CM E PHL)
Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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